O direito humano à água se traduz no acesso à água limpa e segura para toda e qualquer pessoa, com a garantia de suas necessidades básicas. Reconhecido na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, em 2010, o acesso à água para todos(as) torna-se inviável devido ao processo de mercantilização imposto por grandes corporações.
O capital internacional se vale de estratégias extrativistas para intensificar o saque, a contaminação e exploração dos bens naturais de países periféricos, como a água. E, nesse processo, são inúmeras as consequências na saúde da população.
Agronegócio
Para Sandra Cantanhede, coordenadora do setor de saúde do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) do Distrito Federal e do FAMA, uma das principais causas de morte no campo é a contaminação da água pelo uso intensivo de agrotóxicos. “O envenenamento da água pelo uso intenso de agrotóxicos em grandes produções agrícolas de grileiros causa doenças e óbitos que se devem a contaminação da água”, afirma.
As estratégias das comunidades e populações frente à contaminação da água e degradação da terra se constroem por meio da produção agroecológica, uso da medicina natural, tendo como ferramenta plantas medicinais, e inserindo esse debate no âmbito educacional.
Mineração
A violação do direito humano à água se intensifica no contexto de atividades de mineração. Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), os conflitos por água no Brasil cresceram 150% entre 2011 e 2016. Esse relatório apontou, ainda, que mais da metade dos problemas (51,7%) decorre da atividade mineradora.
“Dentro de toda essa realidade de degradação, quem está na ponta desses efeitos negativos são sempre as mulheres. Elas caminham mais para conseguir água, são sobrecarregadas de trabalho para cuidar dos convalescidos e tem mais dificuldade para cultivar alimentos”, relata Camila, Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) da Bahia.
Na atividade mineradora, a água é utilizada para beneficiar o minério e, no caso dos minerodutos, para realizar o transporte mineral. Os danos às comunidades e populações pelo uso indiscriminado da água por mineradoras compete na restrição ao acesso à água necessária para realização de atividades que garantem a vida, destruição de nascentes e rios, fornecimento insuficiente por parte do poder público, ausência de qualidade da água fornecida.
Esses impactos envenenam e impedem o desenvolvimento de vidas saudáveis, uma produção de alimentos que garanta a soberania alimentar e, para além disso, a contaminação e disseminação de doenças atreladas a essa lógica ameaça as populações e fortalece o desenvolvimento de grandes corporações internacionais.
Fonte: Site Oficial do FAMA (por Eduarda Souza, do MAM)
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