A queda abrupta do preço do petróleo intensificou a crise na Petrobras, que agora estendeu o arrocho financeiro aos empregados. Com o argumento de que o momento é de "esforços", a direção divulgou comunicado interno, em 26 de agosto, informando que alguns "gastos operacionais gerenciáveis" serão reduzidos ou suspensos.
Pelas contas da empresa, serão cortados, até 2019, US$ 12 bilhões (o equivalente a R$ 45 bilhões) com despesas com funcionários, como cursos e viagens.
A estatal não explicou como chegou ao valor de US$ 12 bilhões. No comunicado, lista apenas as "principais medidas imediatas" de corte de gastos e orienta os funcionários a buscar mais informações com os superiores.
Questionada, a companhia não detalhou as metas e volumes de cortes para cada ação prevista, ou mesmo se medidas adicionais, como corte de funcionários terceirizados, entrariam na conta. A estatal tem cerca de 80,9 mil funcionários próprios e cerca de 200 mil terceirizados.
O valor do corte se aproxima da receita estimada com o plano de venda de patrimônio até o ano que vem, de US$ 15,7 bilhões, que está emperrado por causa da crise mundial na indústria do petróleo. A Petrobras nega relação entre os cortes e a dificuldade na venda de ativos.
Aperto
No documento enviado aos funcionários, a Petrobras aponta uma série de medidas a serem tomadas para "otimizar os custos". A partir de agora, a empresa não vai mais custear confraternizações de funcionários, nem cursos de idioma "na modalidade autodesenvolvimento".
Carros corporativos com motoristas, só para a presidência e a diretoria. E mesmo os veículos geralmente disponíveis aos funcionários apenas poderão ser usados para "necessidades operacionais".
Viagens estão limitadas ao "inadiável". Quando for impossível evitar, a ordem é pagar pelo transporte de um único funcionário envolvido no projeto que motivou a viagem. Participações em treinamentos fora do Brasil também estão suspensas.
A distribuição de brindes foi proibida, assim como gastos injustificados com táxis e horas extras desnecessárias. A qualificação profissional ficou restrita à Universidade Petrobras.
Foi determinado ainda que licitações ou qualquer tipo de contratação de serviços de consultoria especializada em gestão, organização e processos devem ser submetidas à diretoria.
Nada será aprovado sem o aval do primeiro escalão da Petrobras, liderado pelo presidente Aldemir Bendine.
"As ações de redução de gastos ora divulgadas não resolverão sozinhas os nossos desafios, mas são importantes para atingirmos as metas de redução de gastos", disse o gerente executivo de Desempenho Empresarial, Mário Jorge da Silva, no comunicado.
O conselheiro de administração representante dos empregados, Deyvid Bacelar, ligado à Federação Única dos Petroleiros (FUP), criticou as medidas.
Ele disse que tem viajado às unidades da Petrobras e que, em todas, ouviu reclamações de funcionários de que a direção ignorou a opinião dos empregados para elaborar o pacote de cortes.
Germano Lüders / EXAME
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