O baixo nível da atividade econômica – que cresceu apenas 0,1% em 2014, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (27) pelo IBGE – contribui para reduzir o esperado impacto negativo da crise energética e da falta de chuvas no Produto Interno Bruto (PIB), segundo analistas ouvidos pelo G1.
Com o menor consumo de eletricidade e a melhora no nível dos reservatórios, o risco de um racionamento passou de “provável” a “quase descartado” pelo mercado desde o início do ano, o que reduz, em parte, o pessimismo nas projeções para o PIB.
"O PIB deve ser reduzido não mais por causa da crise hídrica ou energética, mas simplesmente porque o mercado doméstico enfraqueceu", analisa o diretor de pesquisas econômicas da Go Associados, Fabio Silveira.
Ou seja: o país não cresceu pouco porque faltou energia – mas a energia foi suficiente porque o país cresceu pouco.
Os analistas previam que, com um possível corte de 10% da energia, a economia de 2015 fosse automaticamente reduzida entre 0,5% e 0,8%. A Tendências Consultoria, por exemplo, projeta uma queda de 1,2% no PIB para 2015, mas que pode chegar a 2% só com a hipótese do racionamento – o que se mostra uma possibilidade mais distante.
Redução da demanda
Mas os efeitos desfavoráveis de um corte de energia, mesmo que ele não ocorra, já estão sendo sentidos, concluiu o Credit Suisse em seu último relatório.
O banco revisou sua previsão de um impacto negativo na economia de -1,5% para -0,5% no PIB, considerando que o consumo de energia em 2015 caiu mais que o previsto.
“Um racionamento de 10% da oferta levaria a uma diminuição do consumo industrial que equivale à queda já induzida pela própria contração da produção neste ano”, explica Silveira. Entre 2010 e 2014, a indústria consumiu 0,36% menos energia por ano, mesmo com a redução tarifária de 2013.
Para 2015, a Go Associados prevê que o consumo de energia elétrica caia 1,7%, puxado principalmente pela menor demanda da indústria, que deve recuar 3% ante 2014. Essa contração, diz Silveira, deve-se não só ao reajuste das tarifas de luz, em torno de 35%, como também ao enfraquecimento da produção de bens de capital e de consumo.
Consumo nas residências
A alta na conta de luz também deve contribuir para uma queda no consumo das residências, acredita o economista da Go Associados. “Para este ano, a carga demandada pelos consumidores deve cair 2% frente a 2014, ficando em 128,1 mil gigawatts (GWh)”, diz Silveira.
Além do aumento na conta de luz, o consumo residencial de energia será contido também pela evolução mais lenta da renda das famílias, refletindo a piora das condições do mercado de trabalho, acredita o especialista.
Entre 2010 e 2014, a demanda nas residências aumentou 5,1% ao ano, graças ao aumento real dos salários e ao crescente uso de aparelhos eletrodomésticos, além da redução do preço da energia em 2013. “Em 2015, este segmento tende a reverter abruptamente a alta na demanda dos últimos anos”, avalia Silveira.
Custo das termelétricas
Para a economista da Tendências Consultoria Alessandra Ribeiro, a produção e oferta de energia devem levar a uma retração de 0,1% no PIB de 2014, sem levar em conta as novas regras de cálculo do IBGE, que alteram algumas variáveis no setor energético.
Divulgada a partir desse ano, a nova medotologia passa a considerar o uso das térmicas como fator negativo para a economia – já que, quanto mais tempo elas ficam ligadas, maior o ônus às distribuidoras e ao consumidor, devido ao alto custo.
"Em 2015, o alto custo do acionamento das termelétricas vai ser repassado para a inflação, e isso terá impacto negativo no PIB", observa Alessandra.
Como em 2014, estas usinas foram acionadas para compensar o baixo nível dos reservatórios, afetados pela falta de chuvas, a tendência é que o setor de energia contribua ainda mais para reduzir a atividade econômica do país, levando em conta o novo cálculo do PIB.
Em 2011, por exemplo, as termelétricas ficaram desligadas boa parte do tempo, e isso ajudou a aumentar o PIB daquele ano pela nova série. O avanço da economia passou de 2,9% para 3,7% na revisão metodológica do IBGE.
Crise hídrica
Se de um lado a crise hídrica agrava os problemas do setor energético, elevando os custos, por outro, o baixo crescimento da economia ameniza também os efeitos negativos da estiagem. Eles são mais intensos quando a economia cresce a todo vapor.
O professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Adilson de Oliveira diz que só a partir de abril se saberá com mais precisão em qual medida a escassez de água vai afetar a atividade econômica.
"É preciso esperar o fim do período chuvoso para conhecer a situação dos reservatórios. A partir daí, o governo poderá estimar a disponibilidade de água para uso industrial, agropecuário e, particularmente, para a geração de eletricidade", diz.
Para Silveira, da Go Associados, a maior consequência da falta de chuvas para a economia, no atual cenário, está menos ligada à capacidade da indústria, que depende mais do fornecimento de energia, do que à inflação e ao preço dos insumos do agronegócio.
Fonte: G1
O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado de Goiás (STIUEG) teve seu início no ano de 1949, com a criação da Associação dos Funcionários da CELG. O segundo passo importante dessa história foi dado com a extensão de base para a Associação dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado de Goiás...
Todos os direitos reservados. Desenvolvido por Supera Web X