Das quatro usinas hidrelétricas instaladas em Goiás ou na divisa com o Estado, duas já estão com volume de água próximo ao patamar de 10%, limite considerado prudencial. São elas a usina de Itumbiara (10,75%) e de Emborcação (13,17%). O nível dos reservatórios diminui a cada dia e a pouca chuva que caiu em janeiro não é suficiente para evitar a redução. Só choveu 11,85% do que era esperado para o mês em Goiás.
Especialistas afirmam que o sinal amarelo está aceso, pois conforme informou, na semana passada, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, o Brasil pode enfrentar racionamento se o nível dos reservatórios atingir patamar de 10%. O limite é estabelecido pelo Centro de Pesquisa de Energia Elétrica (Cepel) para o funcionamento das usinas. O regime de racionamento, segundo o ministro, seria decretado se um dos subsistemas atingisse esse porcentual.
Em Itumbiara, na Região Sul, a usina é a que está com menor volume útil. Começou a semana com 11,63%, registrou 11,27% na segunda-feira e, na terça-feira, o índice caiu para 10,75%, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Encontra-se 4,37 metros acima do nível mínimo de armazenamento, na elevação de 499,37 metros. Na estiagem que também atingiu a região nos dois primeiros meses do ano passado, o lago ainda estava dez metros acima do mínimo necessário para a geração de energia.
PERÍODO SECO
Mas não é uma situação isolada, o nível de água dos reservatórios está abaixo do que foi registrado em dezembro em todas as usinas no território do Estado. E, se comparado com o mesmo período do ano passado, o volume útil é de até 26,65% menor – caso da barragem de Emborcação, em Três Ranchos, no Sudeste do Estado. Especialistas avaliam que isso acontece porque foram dois anos seguidos de seca recorde e o ano de 2015 não apresentou uma resposta pluviométrica diferente dos anos anteriores.
“A situação seria considerada tranquila nos reservatórios com capacidade para passar o período seco, mas não estamos nem próximos da média”, avalia o especialista em geração de energia elétrica Rodrigo Pedroso. Ele explica que o necessário seria 80% do volume nos cinco primeiros meses para conseguir guardar o suficiente para o período em que as chuvas tendem a diminuir.
Se não tiver água suficiente para o resto do ano, a estimativa de especialistas entrevistados pelo POPULAR é de que até março medidas para maior economia sejam tomadas pelo governo federal, já que há no segundo semestre uma redução esperada do volume. Rodrigo afirma que isso pode resultar em uma crise pior do que a vivida em 2001, quando a população foi convocada a racionalizar o uso. “O que tem de favorável agora é que expandimos nosso parque termoelétrico, que tem condições de acudir, mas não de ser usado como base, como é feito.”
Mesmo com os níveis preocupantes na quantidade de água nas barragens, ONS e Furnas, subsidiária da Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobras), informam que não há comprometimento para a geração de energia, ao menos por enquanto. O Ministério de Minas e Energia destaca, porém, que análises mais conclusivas sobre condições energéticas do sistema brasileiro serão obtidas ao final de abril.
Isso devido à grande variabilidade das afluências aos reservatórios das usinas hidrelétricas no chamado “período úmido”, que vai de dezembro a abril. O professor de Engenharia Elétrica Augusto Fleury explica que o tempo de regularização do reservatório equivalente do Sistema Interligado Nacional (SIN) é de cerca de três anos.
Caso continue como está, 2015 seria o terceiro ano seguido com níveis de água diminuindo nos reservatórios. “Se não vier chuva torrencial no mês de fevereiro e março, cumulativamente, e o Brasil continuar consumindo energia como está consumindo, variáveis de restrição de consumo de energia vão acontecer.”
Próximas chuvas não vão aliviar
A previsão é de que as chuvas não devem mudar a situação das usinas hidrelétricas nas próximas semanas. De acordo com o Sistema de Meteorologia e Hidrologia do Estado de Goiás (Simehgo), as precipitações somaram até a tarde de terça-feira, no Estado, 32 milímetros, ante os 270 milímetros esperados para janeiro.
Nos próximos dias, é esperado 25 milímetros para a região Sul do Estado, próximo à usina de Itumbiara. Já em Três Ranchos, onde se localiza parte da usina de Emborcação, a previsão é de 15 milímetros para nesta semana.
Já para fevereiro, quando a tendência é de que as chuvas diminuam, conforme o Simehgo, as precipitações devem ficar dentro da normalidade, com média de 215 milímetros para o Estado. O que não é considerado suficiente para que os reservatórios fiquem nos níveis esperados para o período.
POPULAÇÃO
E o menor volume dos lagos de usinas hidrelétricas já é percebido pela população que mora ou costuma passear nas proximidades. Em Itumbiara, onde o nível do reservatório da usina está apenas 4,37 metros acima do mínimo, já se tornou visível o baixo volume.
“No lago, depois da hidrelétrica de Furnas, tem uma parte muito grande que tinha água próxima aos ranchos e agora está até mais de quilômetro longe”, conta o presidente da Associação Comercial e Industrial de Itumbiara, Lauro Ferrão.
Acostumado a navegar, ele conta que a diminuição do volume está nítido a cada dia e preocupa quem observa a água baixar sem poder fazer muito para reverter a situação bem próximo à usina.
Acostumada a observar a barragem da Usina de Emborcação, a secretária do Meio Ambiente de Três Ranchos, Clícia Santos Feitosa, afirma que por lá também não havia presenciado situação parecida. A usina registrou na terça-feira 13,17% do volume máximo.
“A gente sempre acompanha a situação e, neste ano, o lago está bem baixo, é visível. Está semelhante ao que aconteceu entre 2001 e 2002”, lembra a secretária.
35% seria o índice de segurança
Das quatro usinas presentes no Estado ou que fazem divisa com ele, três fazem parte do SIN na Região Sudeste e Centro-Oeste, que entrega a maior quantidade de energia consumida no País - capacidade máxima de armazenamento de 202.246 MW mês -, cerca de 70%, mas não o suficiente nem para o consumo da região.
Ainda em 2014, o diretor geral do ONS, Hermes Chipp, afirmou que os reservatórios da região precisariam alcançar entre 30% e 35% da capacidade máxima de armazenamento até abril.
SEGURANÇA
Esse seria o volume para que fosse possível garantir a segurança do fornecimento de eletricidade durante 2015, mesmo que o País atravessasse novo período crítico de estiagem. Na última terça-feira, a situação dos principais reservatórios da região estava em 16,93%.
Por isso, a expectativa é por mais chuva por um período maior, para que assim os níveis voltem a subir.
PARQUE
Goiás possui grande parque hidráulico, da ordem de 8 mil MW, considerando as usinas localizadas na divisa com Minas Gerais.
A sua maior usina, de Serra da Mesa, está com 26,14% do volume máximo, mas faz parte da região Norte do SIN.
Na região Sudeste e Centro-Oeste, Itumbiara responde por 7,89% da região, Emborcação, 10,82%, e São Simão, por 2,54%.
Fonte: O Popular
O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado de Goiás (STIUEG) teve seu início no ano de 1949, com a criação da Associação dos Funcionários da CELG. O segundo passo importante dessa história foi dado com a extensão de base para a Associação dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado de Goiás...
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