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Juiz manda termoelétrica parar de funcionar à noite

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13/11/2014

Após quase dez meses de funcionamento contínuo, as turbinas geradoras de energia da termoelétrica Goiânia 2, localizada no Jardim Ipanema, Aparecida de Goiânia, tiveram suas atividades interrompidas entre às 19 horas terça-feira e 7 horas de ontem. A iniciativa ocorreu em cumprimento a decisão do juiz federal substituto Jucelio Fleury Neto, de interditar o funcionamento da usina no período noturno, sob pena de multa diária de R$ 50 mil reais, em função do prejuízo do impacto sonoro causado aos moradores da região.

A decisão do juiz determina que as atividades sejam interrompidas (entre às 19 horas e 7 horas) durante todos os dias úteis e sábado, além da paralisação total aos domingos e feriados. De acordo com o documento, a medida vigora até a comprovação em juízo da execução e eficiência de projeto técnico de isolamento acústico, cumprindo normas vigentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A reportagem do POPULAR não conseguiu localizar o juiz, já que essa foi uma das últimas ações tomadas pelo magistrado na sexta-feira, antes de entrar de férias.

Localizado no bairro Jardim Ipanema e a poucos metros da BR - 153 e do Anel Viário, parte das instalações da termoelétrica Goiânia 2 está situada em zona industrial e outra parte em região residencial de baixa densidade. A empresa tem capacidade instalada de 145 megawatts/hora. Para tanto, funcionam, diuturnamente, 88 unidades geradores diesel, resultando em propagação contínua de poluição sonora e de gases poluentes.

“É esse barulho incômodo o dia inteiro na cabeça da gente”, reclama a cozinheira Mercês Dias dos Santos. Vizinha da empresa, conta que depois de tanto tempo exposta a esses impactos, os principais sintomas são cansaço, irritabilidade e surdez. “Estou ficando surda, não consigo dormir direito à noite e fico brava por qualquer coisa”, explica. Ela conta que ficou aliviada ao perceber que as turbinas geradoras estavam desligadas na noite da última terça-feira.

“Fui trabalhar pouco depois das 6 horas e percebi que o bairro estava silencioso”, afirma a diarista Flávia Luiz Baião. Como trabalha longe do bairro e mora algumas ruas abaixo da empresa, conta que já se acostumou com o barulho, mas reclama da poluição. “Agora tenho alergia, sinto falta de ar. Mas todos aqui no bairro têm alguma reclamação a fazer”, diz.

O incômodo é tanto que moradores do bairro contam que, aos poucos, o número de residências para alugar ou vender foram aumentando. A reportagem apurou que seis casas estão nessa situação somente na rua lateral à empresa. “Ninguém aguenta ficar aqui e o pior é que está difícil para vender ou alugar”, afirma Mercês.

ÓRGÃOS

A ação do juiz federal determina ainda que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) se abstenha, a partir da intimação, de determinar a produção de energia elétrica pela Usina Goiânia 2, durante o período de 19 horas e 7 horas nos dias úteis e sábado, com paralisação total aos domingos e feriados. A reportagem do POPULAR entrou em contato com o ONS, que informou que ainda não foi intimado.

“Equipes de fiscalização serão deslocadas diariamente para verificar se a empresa está cumprindo a decisão”, afirma o secretário municipal do meio ambiente de Aparecida de Goiânia, Fábio Camargo. O órgão é um dos responsáveis pela fiscalização e cumprimento da liminar. Nenhum responsável pela empresa Goiânia 2 foi encontrado para comentar o assunto.

ENERGIA

Com capacidade máxima de 145 megawatts/hora, a interrupção da geração de energia no período noturno, além de domingos e feriados, fará com que a usina deixe de produzir energia suficiente para abastecer cerca até 20% de Goiânia, segundo avaliação do professor do curso de Engenharia Elétrica da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Augusto Fleury.

Para ele, essa quebra de produção não é prejudicial ao suprimento de energia, já que corresponde uma pequena parcela do Sistema Interligado Nacional (SIN). Mas ressalta que essa decisão sobrecarrega ainda mais as hidrelétricas. “É um pouco mais de água que vai embora. Se houver racionamento de energia, toda essa energia que está deixando de gerar vai cair nas costas da população, nem que seja em alguns minutos a mais de luz apagada.”

Fonte: O Popular

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