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A conta que não fecha: consumo de energia cresce e oferta cai

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12/11/2014

Procura aumentando e oferta diminuindo. Qualquer iniciante da matemática sabe que esta é uma conta que não fecha. E é isso que vem acontecendo no setor elétrico, segundo apontam dados estatísticos, anunciando grandes problemas para o próximo ano se o clima não ajudar. Os reservatórios de Goiás, de grande importância para o País (reservatórios do Sudeste e do Centro-Oeste respondem por 70% da energia armazenada do Brasil), estão em níveis críticos e o consumo de energia só vem crescendo ano a ano. Enquanto a energia armazenada dessas regiões caiu de 69,16% em outubro de 2009 para 18,68% em outubro deste ano, a carga de demanda registrada subiu de 38959,95 MWh/h para 48270,35 MWh/h no período

Com as hidrelétricas nos níveis mais baixos dos últimos anos, os brasileiros já estão olhando para o céu e pedindo muita chuva. E a preocupação tem fundamento. Se não chover continuamente pelo menos 45 dias durante este período chuvoso, o País corre o risco de enfrentar medidas para conter o consumo em 2015. Isso significa que a população pode ter de arcar com uma supertarifação das contas ou até enfrentar cortes no fornecimento.

O Brasil já enfrentou uma crise do apagão, que afetou o fornecimento e distribuição de energia elétrica entre 1º de julho de 2001 e 27 de setembro de 2002, também causada pela falta de chuvas. O cenário atual parece igual ou pior aos olhos de especialistas. Hoje, alguns reservatórios estão com níveis mais baixos que naquela época, como o de São Simão, com cerca de 12%, contra 22,7% em novembro de 2001. O mesmo ocorre com Furnas, em Minas Gerais, um dos mais importantes do País, que hoje está com pouco mais de 11%, contra 17,7% em 2001. O Operador Nacional do Sistema (ONS) não admite, no entanto, a possibilidade de racionamento.

DIFICULDADE

A capacidade de geração de energia de uma usina depende do nível do reservatório. O professor Augusto Fleury, do curso de Engenharia Elétrica da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), que por décadas trabalhou no setor elétrico, explica que, com o reservatório mais cheio, o gerador da usina consegue produzir muita energia com facilidade. Com ele esvaziando, há perda de altura da queda de água e menos potência gerada.

Nessa situação, a turbina precisará “engolir” mais água para produzir a mesma energia, o que esvazia o reservatório mais depressa. “Estamos com estoque mais baixo e gastando mais por conta dessa baixa potência”, completa o professor. Com isso, fica mais difícil atender o aumento da carga de demanda, resultado também do aumento no consumo de aparelhos elétricos.

Por isso, hoje o País recorre às termelétricas no nível máximo na tentativa de poupar água dos reservatórios. Elas já atendem 20% da necessidade. Por tudo isso, Augusto Fleury alerta que, se não chover continuamente em Goiás, Sul de Minas, Triângulo Mineiro, Noroeste Paulista e Nordeste do Mato Grosso do Sul, onde estão reservatórios importantes, dificilmente o País atravessará 2015 sem restrições no consumo.

“Já estamos marchando para o racionamento desde o ano passado, pois São Pedro não tem sido camarada”, brinca. A forma mais branda de restrição pode ser a supertarifação, que obrigaria o consumidor a reduzir o consumo naturalmente.

O País trabalha com um risco de déficit na faixa dos 5%. “Pode parecer pequeno, mas a garantia de suprimento exige um risco abaixo dos 2%”, adverte. Ele lembra que outubro já não registrou um regime contínuo de chuvas, o que ainda não está acontecendo em novembro. Recentemente, o ONS afirmou que, apesar do baixo nível dos reservatórios, o período chuvoso está se iniciando dentro da normalidade.

O presidente da Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace), Carlos Faria, também não descarta a possibilidade de racionamento. Segundo ele, com o nível baixo dos reservatórios e a demanda por energia crescendo 3%, não haverá tempo de enchê-los até abril para atender a demanda.

Já o presidente do Instituto Acende Brasil, centro de estudos para transparência e sustentabilidade do setor elétrico, Cláudio Sales, prefere não falar em racionamento. Lembra que o ONS só deverá fazer essa análise no fim do período chuvoso.

“Sistema está no fio da navalha”

O País vive um situação de desconforto em relação à produção e ao abastecimento futuro de energia. O alerta é do presidente do Instituto Acende Brasil, Cláudio Sales, ao lembrar que o nível dos reservatórios no Sudeste e Centro-Oeste já havia atingido os 17% ontem, contra 42% no ano passado.

Para Sales, o problema não é o consumo, que ainda é baixo no Brasil em relação a países mais avançados. Para ele, falta mais eficiência nas regras do setor. “O governo precisa editar medidas mais corretas, que produzam transparência e deem mais previsibilidade e confiança às regras”, alerta. Algumas medidas, segundo ele, têm afastado bilhões em investimentos da iniciativa privada, deixando-os mais caros.

Uma das mais polêmicas é a MP 579, que dificulta a renovação das concessões de energia elétrica e estabelece a redução do valor das tarifas. “São mudanças regulatórias feitas a portas fechadas e cheias de erros”, diz o presidente do Acende Brasil.

Os reservatórios costumam encher entre novembro e abril e ter o nível reduzido entre maio e outubro. Este ano, a situação é pior porque o nível cai cerca de 0,3% ao dia, enquanto a demanda cresce cerca de 4% ao ano. Isso obrigou o País a acionar as termelétricas praticamente o ano todo, interferindo até no calendário de manutenção das usinas, o que é um risco. O sistema também opera no limite da capacidade de interligação.

Toda programação de produção nas grandes usinas é feitas pelo ONS. O diretor técnico comercial da Celg Geração e Transmissão e suplente de conselheiro do Conselho de Administração do ONS, Augusto Francisco da Silva, lembra que o operador nacional garante que não há expectativa de racionamento, principalmente porque o País opera com mais térmicas. Mas ele admite que o sistema realmente está no “fio da navalha”.

Chove menos a cada ano em Goiás

Nos últimos cinco anos, a média de chuva registrada foi menor do que o esperado para Goiás. Apenas no final do ano de 2011 e começo de 2012 o índice ficou um pouco acima da chamada normal climatológica. Caso os períodos de estiagem se prolonguem e os níveis de chuvas se reduzam ano após ano, especialistas acreditam que o Estado pode passar por problemas sérios. O abastecimento de água, por exemplo, pode ser afetado. “É preciso entender e planejar o setor para os próximos anos”, diz o professor de Engenharia civil e Ambiental da Universidade de Brasília (UnB), Sergio Koide.

Segundo o Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (Cptec) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o volume de chuvas vem reduzindo no Centro-Oeste e no Sudeste do País. Ano passado, por exemplo, a estação chuvosa era para ter sido iniciada pouco antes do verão, o que acabou não acontecendo. Isso explica, por exemplo, a redução nos níveis dos reservatórios em algumas localidades. Para esse ano, o Cptec/Inpe prevê redução ainda maior de chuvas essas regiões, com volumes entre 150 a 400 milímetros.

Superintendente de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento da Secretaria de Ciências e Tecnologia (Sectec) do estado de Goiás, Rosidalva Lopes percebe nas análises dos dados coletados pelo órgão, que desde 2010 o período chuvoso tem demorado mais a começar. Antes, as chuvas começavam em setembro ou outubro. Agora, esses meses apresentam algumas precipitações, mas apenas após novembro as chuvas chegam com mais frequência. “Não está chovendo na hora certa e isso pode gerar problemas no futuro”.

CALOR

Além de menos chuvas, Goiás registrou ondas de calor com recorde de temperatura. Chefe da seção de previsão do tempo, Marna Mesquita explica que as baixas umidades registradas em outubro, aliadas à falta de chuva, impediram a formação de nuvens, acarretando ondas de calor. Goiânia alcançou média histórica de 39,4ºC em 17 de outubro. A média foi a maior registrada desde 1937. Esse valor foi calculado na sombra. No sol, a sensação térmica chegou a 43ºC.

Meteorologista do Climatempo, Alexandre Nascimento acrescenta que a onda de calor se propagou por todo Centro-Oeste e Sudeste. Segundo ele, além de Goiás, Mato Grosso do Sul e muitas cidades de São Paulo passaram pelo longo período de estiagem e também observaram tardes com 40ºC ou até mais marcados nos termômetros. Mas ele alerta que a circulação de ventos úmidos vindos de noroeste já umidificaram o ar sobre a Região Centro-Oeste e algumas chuvas já foram observadas.

Em análise realizada na última semana, já é possível, segundo ele, ver o transporte de umidade que chega à Região Norte e espalha nuvens carregadas pelo Centro-Oeste. Assim, a expectativa é que chuvas intensas cheguem a Goiás na próxima semana.

Fonte: O Popular

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