Diante desse cenário e da crise no setor sucroalcooleiro – com a queda no consumo do álcool combustível – surge como oportunidade a produção de energia elétrica oriunda do bagaço da cana-de-açúcar, utilizado como biomassa.
O Brasil está em um momento de necessidade de diversificar sua matriz energética, hoje concentrada nas hidrelétricas, que respondem por 76% de nossa geração. Dados comparativos mostram que de 2012 para 2013 houve um crescimento de 35% da energia gerada pelas usinas à biomassa, que utilizam bagaço de cana, cavaco de madeira e biogás.
As usinas de álcool que estão comercializando energia elétrica estão auferindo uma receita adicional significativa neste momento em que os valores do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) estão em alta.
A cana-de-açúcar é uma biomassa que pode ser transformada quase que totalmente em energia elétrica aproveitável através de processos industriais. Entre abril e novembro – exatamente o período sem chuvas – é quando geralmente as usinas estão moendo a cana para produzir açúcar e etanol e, consequentemente, podendo gerar energia elétrica através da queima do bagaço. Este recurso poderia ser melhor aproveitado, poupando água das represas, no período crítico de estiagem, evitando o risco de racionamento de energia.
O Brasil tem condições de produzir um volume considerável de eletricidade por meio da biomassa. Se todas as quase 350 usinas utilizassem o bagaço da cana para gerar energia, juntas poderiam gerar 15.300 megawatts (MW), o equivalente a mais do que gera a Usina de Itaipu. Porém, a realidade é que hoje esse tipo de energia equivale a apenas 5% do total que é consumido no País.
De acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), só em São Paulo a representatividade da bioeletricidade ofertada à rede elétrica pelas usinas paulistas poderia chegar a quase 50%, se houvesse uma política de incentivo para investimentos nessa fonte. Se isto ocorresse, a oferta para a rede seria quatro vezes superior à realizada na safra passada e, o que seria melhor, com uma biomassa já existente nos canaviais, apenas promovendo o retrofit das usinas e o aproveitamento parcial da palha na geração.
Um ponto importante também a ser considerado é o papel da bioeletricidade na produção de etanol, que está em situação temerária. A dívida do setor sucroalcooleiro já ultrapassou R$ 60 bilhões e houve demissão em massa de 60 mil empregados devido ao fechamento de pelo menos 60 usinas. O longo congelamento do preço da gasolina não tornava atraente para o consumidor a compra do álcool combustível.
Há necessidade urgente de investimentos em pesquisa, de união do setor para o alcance de maior produtividade na biomassa e de uma política setorial bem estruturada para que o Brasil atinja o pleno potencial dessa fonte renovável e sustentável.
O governo federal deve voltar sua atenção para o setor como acontecia há oito, dez anos atrás, com a criação de um programa contendo uma diretriz de longo prazo para a matriz de combustíveis, com metas em relação à demanda e oferta das diversas fontes de energia.
Como soluções viáveis, aponto a criação de uma diferenciação tributária entre os combustíveis renovável e fóssil – seja através do restabelecimento da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) ou por meio da instituição de outro tributo federal de natureza ambiental para a gasolina –; o estímulo à busca de maior eficiência dos motores de veículos flex no uso do etanol hidratado como combustível – aumentando assim a competitividade do biocombustível em relação à gasolina –; e a adequação dos leilões de energia elétrica, viabilizando a bioeletricidade oriunda da biomassa da cana-de-açúcar através da valorização dos atributos ambientais, elétricos e econômicos.
Desde a descoberta do pré-sal tem prevalecido um desprezo institucional contra o setor sucroalcooleiro, uma incoerência populista, enquanto os biocombustíveis são cada vez mais levados a sério em mercados mais livres e desenvolvidos.
O setor é muito promissor e eu acredito que a união dos produtores é o melhor caminho, seja para cobrar do poder público maior incentivo, seja para fazer uma revolução na gestão agroindustrial.
Danielle Limiro é sócia da B2L Investimentos S.A, especialista em bioenergias.
Fonte: O Popular
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