O IBGE voltou a divulgar a taxa média de desemprego das seis principais regiões metropolitanas do País, após os dados de maio, junho e julho terem sido afetados pela greve dos servidores do órgão. Ontem as informações atrasadas foram anunciadas juntamente com a pesquisa inédita de agosto. Em todos os quatro períodos, a taxa de desocupação repetiu seguidamente o recorde de menor para o mês desde 2002, mas o mercado de trabalho já não melhora.
Embora, em agosto, a taxa de desemprego em 5% tenha continuado como marca histórica de baixa para o mês, nos últimos meses, a geração de empregos formais perdeu força e a criação de postos de trabalho informais acelerou.
Com a divulgação, o IBGE começa a normalizar seus trabalhos após um período conturbado. Além da Pesquisa Mensal de Emprego, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, pesquisa trimestral que fornece a taxa de desemprego nacional, também foi afetada pela greve de 79 dias.
Na semana passada, o IBGE reconheceu ter errado em uma de suas principais pesquisas, a Pnad anual. A troca de uma tabela com os pesos das regiões metropolitanas alterou os dados de desigualdade, rendimento e taxa de analfabetismo.
Apesar dos recordes históricos, a taxa de desemprego ficou estável desde o começo do ano, avaliou o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo. A redução do desemprego que costuma ocorrer no meio do ano não foi observada desta vez. “Quando a inflexão começa a demorar muito, é porque o cenário econômico não está favorecendo esse movimento”, disse Azeredo.
A adoção de medidas como férias coletivas e suspensão temporária de contratos (lay-off), enquanto os empresários aguardam uma definição sobre as perspectivas para economia, contribui para a manutenção do quadro, citou o economista-chefe da Lopes Filho & Associados, Júlio Hegedus Netto.
“Ainda estamos em um nível de pleno emprego, não há uma situação de maior preocupação, mas a economia está parada”, comentou.
A queda sazonal na taxa de desemprego, porém, deve ficar restrita a novembro e dezembro, disse o professor João Sabóia, do Instituto de Economia da UFRJ. “Vai haver geração de emprego temporário no fim do ano”, disse Sabóia. “Mas até hoje, com o baixo crescimento da produtividade, era possível absorver mão de obra a partir do avanço da economia. Crescendo 0,5% ou menos, não dá mais. Será impossível melhorar.”
Em agosto, a geração de vagas cresceu de forma significativa pela primeira vez no ano, assim como a busca por trabalho. A construção foi a atividade que mais absorveu profissionais. Mas o movimento não foi suficiente para derrubar a taxa de desemprego, diante do avanço mais intenso da população desocupada.
RENDIMENTO
A renda média do trabalhador, por sua vez, continua crescendo, mas em ritmo menos intenso. Em agosto, a alta foi de 2,5% em relação a igual mês de 2013, para R$ 2.055,50.
Já o emprego informal assumiu a frente nos últimos meses. Os postos de trabalho sem carteira avançaram 2,4% em agosto ante julho, enquanto os trabalhadores por conta própria cresceram 1,3%. São 105 mil pessoas a mais no mercado somando as duas categorias, contra 84 mil dos que tiveram a carteira assinada (alta de 0,7%).
“Até pouco tempo, o destaque era o emprego com carteira. Agora, o conta própria tem crescido bastante. Temos de aguardar para ver até que ponto isso continua”, disse Saboia.
Fonte: O Popular
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