Às vésperas de ter a conta de energia elétrica elevada entre 50% e 209%, com o anúncio da extinção da tarifa verde, produtores irrigantes e aquicultores voltam a respirar aliviados. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) recuou da decisão, pelo menos temporariamente, orientando às concessionárias de todo o País a continuar a conceder o desconto tarifário. A Celg informa que vai acatar a orientação do órgão. A decisão não só beneficia o produtor como também a conta de energia não será justiticativa para solavancos nos preços de alimentos.

Segundo ofício da Aneel repassado para as concessionárias de energia no final de outubro, as informações acerca do Decreto 7.891, que extingui o subsídio que garantia desconto à irrigação em horário alternativo (21h30 às 6 horas), vai passar por nova rodada de avaliações pelas equipes da Aneel e pelo Ministério de Minas e Energia (MME).

Enquanto isso, conforme o documento, há clara orientação para que as distribuidoras de energia continuem aplicando o desconto tarifário. “Não vamos reduzir o subsídio até que seja regulamentada uma nova disposição sobre esse assunto”, reafirma o diretor comercial da Celg, Orion Andrade.

NEGOCIAÇÕES

“Acreditamos que não haverá nenhuma retomada de aumento de energia elétrica. Vamos continuar acompanhando tudo passo a passo”, diz o presidente da Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner. Ele explica que as negociações vêm ocorrendo desde o dia 10 de outubro. “A decisão é válida para todos os Estados, mas precisamos ficar atentos para que nenhuma concessionária não deixe de seguir as orientações da Aneel. Juntos temos mais força”, diz.

José Mário lembra que o decreto presidencial assinado em janeiro é uma incoerência com a política do goveno de estímulo à cultura da irrigação. A meta do governo é de dobrar a área irrigada do País (4,5 milhões de hectares) em dois anos. Em Goiás, cerca de 1,5 mil produtores irrigam uma área de 260 mil hectares.

IMPACTO

Culturas de menor valor agregado como feijão e trigo seriam as produções mais afetadas caso a medida volte a vigorar. O reflexo mais imediato seria a inviabilidade dos negócios, gerando desestímulo ao produtor rural. No entanto, em caso de extinção da tarifa verde, o produtor que decidir produzir pagando mais caro pela energia elétrica, o principal insumo para a tecnologia da irrigação, terá que repassar esses custos para a indústria que, por sua vez, resultará no aumento dos preços para o consumidor.

 

 

Fonte: O Popular