Iniciativa nesse sentido merece parabéns e demonstra compromisso com a Gestão de Pessoas.

A revisão e/ou reformulação do plano de cargos e salários envolve toda dimensão da organização, não tendo como ser iniciado sem estar atrelado ao planejamento estratégico. Precisa envolvimento da equipe, vontade administrativa, viabilidade financeira e desprendimento político.

Todo e qualquer plano de cargos e salários tem que estabelecer o equilíbrio interno e externo, ser atrativo e capaz de reter talentos, além de minimizar questões trabalhistas.

O equilíbrio interno acontece através da remuneração de pessoas pelo valor relativo e importância dos cargos que ocupam, pela responsabilidade assumida e pelos resultados produzidos; o equilíbrio externo se dá através de salários compatíveis com o mercado e com segmento de atuação da empresa.

Para iniciar esse trabalho é importante estabelecer premissas voltadas às características, peculiaridades da empresa, sua estrutura organizacional, missão e a disposição financeira para o ajuste e atualização do plano.

Estabelecidas às premissas é importante conhecer o plano vigente e ver as vantagens e desvantagens que nele estão contidas, analisar os cargos existentes, ver as complexidades de cada um, observar os requesitos legais, a carga horária necessária e o nível de importância de cada cargo na organização.

Com o resultado dessas análises e alinhado aos objetivos da empresa, promove-se a discussão entre os técnicos e lideranças representativas, buscando a harmonia para a consolidação do trabalho.

É um trabalho complexo e desgastante, pois envolve a vida funcional dos empregados. Não pode ser excludente e desmotivador, pois seu objetivo principal é organizar os diversos cargos da empresa, minimizando distorções, compatibilizando os objetivos da empresa com os funcionais de forma a maximizar o desempenho da organização.

Inadmissível e impraticável a elaboração de um plano de cargos e salários sem que ele seja participativo, sem buscar conhecer as especificidades dos cargos e funções e a estrutura da organização.

Um plano que é feito para gerir pessoas não pode ser construído sem elas. Não se constrói uma boa quitanda sem observar os detalhes da receita.

Transparência é outro quesito importante na confecção de um produto tão relevante e que afeta a gestão da empresa. É preciso divulgação do que está sendo feito e os critérios que estão sendo utilizados com informações simples, porém esclarecedoras, de forma ética e sem expor as pessoas.

E como fazer isso em uma empresa tão grande e de público diversificado? Através das entidades representativas, das lideranças setoriais e de canais de informações.

É de suma importância à atenção de todos ao analisar a proposta de um novo plano. Nas entrelinhas podem estar contida redução ou eliminação de benefícios. Aumentar o salário base e reduzir a evolução na tabela é um exemplo de prejuízo futuro.

Importante ficar atento às mudanças de nomenclatura dos cargos profissionais, essa alteração pode ocasionar perda de direitos específicos da profissão.

Ao empregador é importante análise jurídica com a finalidade de evitar questões trabalhistas. O quadro da empresa tem cargos com complexidades variadas (carga horária específica, cargo por exigência legal, cargos com jornada em regime de revezamento).

Importante lembrar que para a homologação das alterações de um plano de cargos e salários já registrado no órgão do Ministério do Trabalho, faz-se necessário a anuência do sindicato de classe e novo registro.

Plano de Cargos e Salários é uma conquista. Nele está contido o futuro funcional, fique atento às mudanças, pois elas podem ser positivas ou negativas. A decisão passa pela aprovação dos trabalhadores.

Álvaro Leandro – 34 anos de SANEAGO