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Desenvolvimento Sustentável busca novo paradigma em 2013

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22/02/2013

 

Por Paula Paiva

Crise econômica global, mudanças climáticas, energia, água e biodiversidade estão entre os principais desafios neste ano, aponta Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS)

No ano seguinte à Conferência da ONU Rio+20, a sustentabilidade vai enfrentar desafios como a falta de acordos financeiros entre os países para apoiar metas da área, mudanças climáticas e questões de segurança hídrica e energética, aponta o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS). A crise econômica global continua a ser um dos principais entraves e pode continuar a influenciar negativamente novos investimentos no setor. “Nas últimas conferências internacionais, a crise foi utilizada pelos países desenvolvidos para se esquivarem de acordos financeiros. Essa pode ser uma grande oportunidade para uma mudança de paradigma em relação à sustentabilidade, para deixar de ser vista como reativa e ser de fato incorporada às gestões de governos e empresas, já que não há mais tempo a perder”, afirma a presidente do CEBDS, Marina Grossi.

O tema energia também está na berlinda em função das recentes mudanças no mercado elétrico brasileiro, visando à redução das tarifas. “No Brasil, o foco é a importância da diversificação da matriz, com a entrada de novas fontes renováveis para a geração de energia elétrica de forma a reduzir a dependência da geração térmica a combustíveis fósseis”, explica a presidente do conselho. Já no contexto externo, destaca-se a revolução do gás natural com as descobertas das reservas de gás de xisto nos Estados Unidos, que tornaram o país autossuficiente e aumentaram a oferta mundial. Essa revolução do gás, por sua vez, traz novos desafios, visto que o incentivo às energias renováveis pode ficar aquém do necessário para a realização de uma verdadeira mudança de cultura no uso da energia.

O ano de 2013 também foi escolhido pela ONU como o Ano Internacional de Cooperação pela Água. Se o padrão de consumo não for alterado, em 2025 dois terços da população mundial poderá sofrer com a escassez de água doce. No Brasil, além da preocupação com a questão, o País está muito longe de universalizar o acesso ao saneamento básico: mais da metade da população brasileira não tem coleta de esgoto no domicílio (53,8%) e, dessa parcela, apenas 37,9% é tratado. Estima-se que 217 mil trabalhadores precisam se afastar de suas atividades por ano devido a problemas gastrointestinais e que crianças que moram em locais sem saneamento básico têm um aproveitamento escolar 18% abaixo das que vivem em locais salubres.

Outro tema em pauta é a biodiversidade, com a regulamentação da lei de acesso a recursos genéticos. “Ainda não há maturidade legal também sobre os Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA). Existem vários projetos de lei, com grandes diferenças entre eles”, observa Marina Grossi. O CEBDS irá, ao longo do ano, discutir pontos desses projetos de lei relevantes para o setor empresarial. “Além disso, o setor ainda carece de indicadores de biodiversidade e serviços ecossistêmicos, necessários para uma real avaliação de dependência e impacto”, completa. Já as mudanças climáticas são mais um desafio a ser incorporado nas gestões pública e privada, com a necessidade de avanços significativos na Plataforma Durban. “Os negociadores internacionais se propuseram a definir novos compromissos até 2014, para levar a proposta fechada para ser votada em 2015”, pondera a presidente.

Antigos Desafios

Velhas questões continuam na agenda neste ano, como a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que tem como meta acabar com os lixões até meados de 2014. O País tem ainda três mil deles em funcionamento e que recebem 60% do esgoto doméstico. A mudança de comportamento em relação ao consumo também faz parte desse cenário: de acordo com o Visão Brasil 2050, a revisão de valores individuais é urgente e deve levar à substituição dos padrões de consumo baseados no ciclo de apropriação e descarte. Já do ponto de vista coletivo, chama a atenção também a necessidade de soluções sustentáveis para o desafio da mobilidade nas cidades.

A publicação dos Relatórios de Sustentabilidade integrada aos relatórios financeiros é outro ponto de atenção, já que as recentes crises financeiras reforçam a importância da transparência das informações corporativas, principalmente as relacionadas à̀ sustentabilidade – a África do Sul, por exemplo, já exige que empresas listadas na bolsa reportem questões financeiras e socioambientais de forma integrada. “Os desafios são muitos e complexos. Entendemos que somente a partir de ações articuladas e cooperação entre todos os setores – governo, empresas e sociedade civil – conseguiremos superar esses desafios, colocando o Brasil na liderança da corrida do desenvolvimento sustentável, com os brasileiros vivendo bem e respeitando os limites naturais do planeta”, avalia a presidente do CEBDS, Marina Grossi.

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