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Cuidar da água é investir na vida

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07/02/2013

 

Na hidrosfera 97, 5% da água se encontra nos mares e oceanos, portanto, a porcentagem de água doce é de apenas 2, 5%. Considerando a porção planetária de água doce apenas 0, 3% dela corresponde aos rios e lagos, já que a maior parte está nas geleiras e nos reservatórios subterrâneos.

No Brasil o volume de água utilizada para produzir alimento, atender as indústrias e as necessidades domésticas equivale a cerca de 1, 4 milhões de litros “per capita” ao ano. Mais de 80% desse consumo anual é decorrente da atividade agropecuária.

Se considerarmos que o crescimento da população brasileira nos próximos 40 anos é estimado em 30%, o desafio para o futuro será conseguir aumentar a produção de alimentos sem aumentar desmatamento e sem promover gastos adicionais de água para o setor agropecuário, até porque, o desmatamento pode acarretar destruição de berçários de água, que, por sua vez, sustentam hidricamente a própria atividade agropecuária.

O centro oeste é um grande celeiro de grãos, mas não pode mais expandir desordenadamente a fronteira agropecuária, pois o pouco do Cerrado que se encontra preservado e íntegro é detentor das nascentes de água que são imprescindíveis à produção de alimentos em seu solo como para garantir o aumento do volume das águas de muitos rios das principais bacias hidrográficas brasileiras. Caso essas nascentes sejam preservadas juntamente com as matas de galerias, as condições para alta produtividade permanecerão. Caso contrário, perde-se a ecoviabilidade, e com o tempo, a produtividade cairá inexoravelmente.

Estudos climatológicos atestam mudanças no ciclo hidrológico planetário. Alguns rios – antes perenes – agora secam antes de atingir o mar. Desde 1985 o rio Amarelo, importante rio da civilização chinesa, está secando intermitentemente. O portentoso rio Nilo está minguando suas águas ao se aproximar do mar mediterrâneo.

Devido à progressiva degradação de biomas e ecossistemas decorrentes de novas ocupações humanas às vezes desordenadas e sem planejamento, o conjunto de atividades antrópicas impacta sobre o meio ambiente alterando temperatura, comprometendo o abastecimento de águas subterrâneas no processo de percolação e alterando o ritmo evapotranspiração. Com isso, certas regiões passam a ter escassez de água, enquanto outras recebem carga excessiva.

A recente descoberta do maior aqüífero do mundo – e não estou me referindo ao aqüífero Guarani – trata-se do aqüífero “Alter do Chão”, inteiramente brasileiro e situado nos subterrâneos da Floresta Amazônica, o Brasil, que já era um País agraciado em água doce, passa a ser a nação com maior reserva de água potável do mundo.

Como a água é um bem metaindividual, compete aos gestores desse patrimônio nacional, juntamente com a sociedade civil organizada, cuidar dos mananciais, impedindo a destruição dos berçários, e a poluição por esgoto, agrotóxicos e por lixo orgânico.

Se considerarmos a Terra como um grande organismo vivo, concepção proposta por James Lovelock que ficou conhecida como “Teoria de Gaia” e que cerca de 70% da superfície do nosso planeta é água, não teremos dificuldade de compreender que a sobrevivência da espécie humana e de todas as outras espécies que vivem na biosfera dependerão do uso racional da água pelo ser humano, tendo em vista que ela não está acabando, entretanto, a poluição crescente compromete cada vez mais a qualidade da água e a destruição irracional de ecossistemas acarreta a morte de nascentes, portanto, indiretamente a disponibilidade de água potável está diminuindo.Cuidar da água é investir na vida

Por Maurício Tovar / Fonte: DM

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