A diretora de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia, Flúvia Amorim, reconhece que 2013 pode ser um ano de epidemia de dengue. Em alguns postos de saúde, já há relato no aumento de notificações de internação por suspeita de infecção. Cerca de 20 casos por dia são notificados pelos servidores do Centro Integrado de Assistência Médica Sanitária (Ciams) do Setor Novo Horizonte, o terceiro bairro da capital com maior incidência de casos de dengue. Segundo enfermeiros da unidade, o número de registros triplicou em relação ao começo do mês de dezembro, quando eram notificados entre 4 e 6 pacientes com suspeita de dengue por dia.
“Existe um aumento esperado para esta época do ano, quando as chuvas se intensificam. Mas desde 2010, o último ano de epidemia na capital, estávamos lidando apenas com uma variação do vírus da dengue, o vírus 1. Agora, além dele, teremos também o vírus 4, que pode atacar tanto quem nunca contraiu a doença quanto quem já foi infectado pelo tipo 1”, explicou Flúvia. Segundo a diretora, outro dado que indica se uma epidemia ocorrerá ou não em 2013 é a proporção do aumento de casos, semana a semana, números que só serão obtidos a partir do dia 13.
A diretora afirmou que o que dificulta a ação dos agentes da SMS no combate à dengue são os criadouros do mosquito Aedes aegypti em residências. “Muitas casas, por possuírem quintal, caixa d’água e piscina, são locais muito propícios para a reprodução do mosquito. E em muitas delas não conseguimos entrar”, explica. Ela afirma que moradores de setores como Jaó e Marista são conhecidos por não permitir a entrada dos agentes de saúde, enquanto bairros como o Jardim América possuem muitas residências fechadas, onde a entrada da SMS só pode ocorrer com a presença da Polícia Militar e de um chaveiro. “Nós abrimos, entramos, fazemos a limpeza dos criadouros e depois trancamos de novo. Mas nem sempre conseguimos eliminar todos os focos. Por isso, em Goiânia, temos criadouros mesmo no período de seca”.
O Ministério da Saúde considera tolerável que apenas 10% das residências de uma cidade fiquem sem a vistoria dos órgãos de saúde. Em Goiânia, a SMS informou que este número, chamado de índice de pendências, é de 15%. “Temos cerca de 600 agentes e recebemos a ajuda dos profissionais do Programa de Saúde Familiar, que cobre quase 60% da cidade. Mesmo assim, enfrentamos dificuldades com alguns moradores e localidades”, informou.
Além do aumento do número de casos nas últimas semanas, outro dado fornecido pela SMS preocupa os moradores da capital: o número de óbitos causados pela doença. Em 2011 foram registradas e confirmadas 18 mortes, enquanto em 2012 o número já chega a 23, podendo aumentar. “Nós enviamos os exames dos pacientes que faleceram para serem analisados em um instituto no Pará, que faz este trabalho para todo o Brasil. Então há uma demora. Ainda temos 10 casos aguardando análise lá para confirmar se foi mesmo dengue”, contou Flúvia.
Os óbitos foram registrados, em sua maioria, no primeiro semestre de 2012, período chuvoso. Flúvia afirmou que não há como prever se um paciente com dengue virá a óbito ou não. “Não é um vírus específico que causa a morte, nem a reincidência da doença. Isso depende da saúde do paciente, das condições do organismo dele. Geralmente, no quarto dia da doença é que sabemos se o estado é grave ou não”, explicou.
Ela também informou que a SMS fará cursos de capacitação e atualização com os profissionais da saúde do município para tratarem a dengue. “O mais importante é o paciente procurar ajuda médica no início dos sintomas. Quanto mais cedo sair o diagnóstico, maiores são as chances de o tratamento ir bem”.
Fonte: O Popular / Barbara Daher
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