A falta de chuvas está fazendo com que os níveis dos reservatórios das usinas hidrelétricas de São Simão, Itumbiara e Serra da Mesa – as principais de Goiás – se aproximem dos mesmos índices de 2002 – ano em que o País teve de racionar o consumo de energia elétrica, entre janeiro e setembro, por conta dos baixos níveis dos reservatórios.
Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) revelam que na última quarta feira as três usinas armazenavam água correspondente a 25% de sua capacidade. O número é apenas 6 pontos porcentuais maior do que o registrado no dia 2 de janeiro de 2002, quando as três usinas operavam com a média de 19% de sua capacidade.
Este cenário crítico teve início em 2012. No ano passado, de janeiro a novembro, o nível médio dos reservatórios das três usinas goianas foi de 59,77%. Em 2002, no mesmo período, ficou em 53,45% – uma diferença de 6,3 pontos porcentuais, conforme números levantados pelo POPULAR a partir de dados do ONS.
A usina de Itumbiara, instalada na Bacia do Paranaíba, é a que tem a situação mais crítica no Estado. Responsável pela geração de 8,3% da energia consumida na Região Sudeste e Centro-Oeste do País, a hidrelétrica acumulou água em 2012 correspondente a 41% de sua capacidade. Em 2002, este indicador foi de 62,1%.
Para especialistas, a situação em Goiás é de alerta e, no País, já pode ser considerada crítica. O sistema de medição da ONS, que considera todas as usinas do Sudeste e Centro-Oeste, aponta que os reservatórios das usinas hidrelétricas das duas regiões, responsáveis por 70% do total de reservatórios do País, têm hoje apenas 28,8% de água retida, o pior nível desde 2001.
O presidente da Associação Nacional dos Consumidores de Energia, Carlos Faria, confirma que o quadro geral é preocupante, já que a meteorologia aponta que as chuvas virão menos intensas neste período úmido, comprometendo a recomposição dos reservatórios. Ele prevê um cenário nada animador para 2013.
“Possivelmente, vamos sair desse período chuvoso deste ano, que vai até meados de abril, com reservatórios em nível mais baixo do que a média e isso será um fator de preocupação durante todo o ano de 2013”, afirma.
ESCLARECIMENTOS
No setor produtivo, o sinal amarelo também foi acesso. A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) se antecipou na discussão e enviou carta ao ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, pedindo esclarecimentos e a apresentação de medidas que possam garantir o fornecimento adequado de energia em 2013.
O diagnóstico da área técnica da instituição é de que a redução dos reservatórios pode atingir níveis críticos de risco no decorrer do ano, principalmente no período de estiagem, que atinge o Centro-Oeste e Sudeste entre maio e setembro. Conforme parecer técnico da entidade, praticamente todas as termelétricas disponíveis já foram acionadas.
“Se houver qualquer falha, seja humana, técnica ou natural e uma usina parar de funcionar, não temos backup. Podemos ter desabastecimento e racionamento em algumas áreas”, diz o gerente de competitividade industrial e investimentos, Cristiano Prado.
Para ele, o nível de 28,8% registrado pelo Sudeste e Centro-Oeste ontem é uma média, mas há usinas em situação mais crítica, com apenas 10% do reservatório, como a de Itumbiara, que operava ontem com 9,7% de sua capacidade.
Ricardo César
Fonte: O Popular