O governo Dilma conseguiu garantir ontem uma redução média de apenas 16,7% nas contas de energia elétrica em 2013, abaixo dos 20,2% prometidos pela presidente em setembro, e pode desistir de cobrir a diferença da conta com recursos do Tesouro.
A estratégia do Palácio do Planalto, por enquanto, é culpar os governos tucanos de São Paulo, Minas e Paraná pelo fracasso no cumprimento da meta, atribuindo a eles a responsabilidade pela redução menor da tarifa. Isso porque veio das companhias geradoras Cesp (SP), Cemig (MG) e Copel (PR) - todas controladas por seus respectivos Estados - a maior parte dos contratos não renovados ontem.
Segundo um assessor presidencial, os governos tucanos desses três Estados vão ter de “assumir o preço político” por terem inviabilizado o corte total prometido. Ele disse que ainda não há uma decisão final sobre o tema, mas que parte do governo defende deixar o corte em 16,7% para não jogar o custo extra sobre o Tesouro - que já vai bancar uma conta anual de pelo menos R$ 3,3 bilhões em renúncia fiscal.
INTERVENÇÃO
Do lado tucano, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) voltou a criticar o que classifica de “profunda intervenção do governo Dilma no setor elétrico” e disse que a responsabilidade dos governadores de seu partido é manter suas empresas vivas.
O senador, que anteontem foi lançado pela cúpula do seu partido à sucessão de Dilma, defendeu em discurso que “outros caminhos” sejam adotados para alcançar a redução prometida, como o fim da cobrança de PIS/Cofins na conta de luz.
A recusa das três empresas de São Paulo, Minas e Paraná em aceitar a renovação das concessões de suas usinas fez com que, do lado das geradoras, o governo cumprisse apenas 60% da sua meta.
Já do lado das transmissoras, o governo conseguiu a adesão de todas as nove companhias que possuíam contratos com vencimento entre 2015 e 2017.
“Elas estão causando diretamente o impacto de não se atingir os 20,2%. Não se entende a lógica que levou essas empresas a não renovarem”, afirmou o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann.
Segundo o governo, na conta dos consumidores residenciais, a redução da tarifa deve ficar na casa dos 14,5%, contra os 16,2% inicialmente prometidos.
As concessões renovadas ontem valerão por mais 30 anos. Como contrapartida para renovar os contratos antecipadamente, o governo exigiu uma redução de até 70% da tarifa a ser cobrada a partir do ano que vem. O desconto vai constar nas contas de energia a partir de março.
O governo pretendia renovar 25.452 MW (megawatts) de geração, mas conseguiu a adesão de companhias que respondem por 15.301 MW. Boa parte desse montante, no entanto, corresponde às empresas do grupo Eletrobras, controlado pela União.
Fonte: O Popular
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