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Cidade de Tel Aviv, em Israel, tem 100% da água reaproveitada

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01/06/2012

Dennis Barbosa,

do G1, em São Paulo

 

Existe no mundo alguma cidade que tenha 100% da água que usa reaproveitada? Existe. É Tel Aviv, em Israel. Toda vez que alguém toma banho ou puxa a descarga na maior área metropolitana daquele país, a água vai para um complexo de tratamento e é recuperada.

(A partir desta sexta- feira (1º), o G1 publica uma série de reportagens abordando os principais temas que serão discutidos na Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20.)

Para ser purificado, o esgoto é bombeado para dentro da terra e novamente retirado, passando por tratamentos físicos, químicos e biológicos na maior estação de tratamento do Oriente Médio, o Shafdan.

Depois, a água percorre cerca de 100 km por dutos até o deserto de Neguev, onde irriga variadas plantações.

O sistema começou a ser instalado  há mais de 30 anos e permitiu “transferir grandes áreas agrícolas do congestionado centro do país para a amplidão do Neguev”, orgulha-se a Mekorot, a companhia nacional de água de Israel.

O Shafdan é um exemplo de como um país que enfrenta escassez de água pode fazer melhor uso desse recurso.

E contempla uma outra questão importante: o grande volume consumido pela agricultura - a ONU estima que 70% da água usada pelo ser humano vai para irrigação.

A água é apenas um dos temas a serem discutidos na Rio+20, que acontece de 13 a 22 de junho, no Rio de Janeiro.

Shafdan Israel (Foto: Mekorot/Divulgação)Complexo de Shafdan, em Israel, atende os mais de 3 milhões de habitantes da área metropolitana de Tel Aviv. (Foto: Mekorot/Divulgação)

Um dos problemas sobre os quais os diplomatas devem se debruçar é como ampliar o acesso aos recursos hídricos. Desde 1990, segundo as Naçoes Unidas, cerca de 1,7 bilhão de pessoas passaram a desfrutar de água potável, mas ainda há mais de 880 milhões no planeta que não têm esse privilégio.

Para Paulo Canedo, professor do Laboratório de Hidrologia da Coppe-UFRJ, um ponto crítico a ser enfrentado nos próximos anos é o saneamento em países pobres. “O esgoto não tratado é o grande inimigo. Talvez seja preciso fazer um grande fundo de saneamento”, diz.

Pessoas se acotovelam para receber água em Dacca, capital de Bangladesh. (Foto: Reuters)Pessoas se acotovelam para receber água em Dacca, capital de Bangladesh. (Foto: Reuters)

O professor aponta que as nações mais desenvolvidas são as que em média gastam mais água per capita, mas possuem recursos para tratá-la: “Os países ricos são perdulários. Mas eles podem, porque têm como sobreviver a esse modo de vida”.

 

% da população mundial % dos recursos hídricos do planeta
(Fonte: ONU)
América do Sul  6%  26% 
América do Norte  8%  15% 
Oceania  <1%   5% 
Europa  13%  8% 
Ásia  60%  36% 
África  13%  11% 

Por outro lado, os países europeus, por exemplo, dependem de alimentos importados. Por isso, têm preocupação com a escassez de água em lugares como a África. “A Europa não tem capacidade de produzir todo seu alimento. Eles precisam do alimento do mundo. Se o mundo sucumbir [por falta de água], eles vão morrer de fome.”

Outra dificuldade apontada pelo especialista é o desequilíbrio regional dos recursos hídricos (veja na tabela ao lado). A Ásia, por exemplo, que concentra mais de metade da população mundial, detém pouco mais de um terço da água doce. A América do Sul, por sua vez, é a que tem maior folga, com 6% da população mundial e 26% da água.

Mortes
A ONU estima que, em média, 5 mil crianças morram por dia de doenças relacionadas à falta de água ou saneamento básico no mundo.

Ao lado de investimentos pesados, como os de Israel, que há mais de três décadas iniciou o projeto de reaproveitamento do esgoto de Tel Aviv, a tecnologia também pode criar alternativas para ampliar o acesso à água.

Um exemplo inusitado foi divulgado recentemente: é um gerador eólico capaz de “produzir” até 1.200 litros de água líquida por dia, da empresa francesa Eolewater. Trata-se de um catavento que gera energia, acionando um sistema de refrigeração.

Resfriando o ar, o aparelho condensa a umidade presente na atmosfera. Assim, é possível retirar água do ar em áreas remotas, sem acesso a energia elétrica.

Um protótipo dessa máquina funciona atualmente em Abu Dabi, nos Emirados Árabes, desde outubro, e consegue retirar até 800 litros de água do ar por dia, mesmo estando numa região desértica.

 

Fonte: G1

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