Por Washington Novaes*,
No final da administração estadual anterior, chamado a colaborar com ideias para projetos nas áreas de meio ambiente e energia, que melhorassem a imagem da Celg e o projeto de Goiânia de ser uma das sedes da Copa do Mundo de 2014, o autor destas linhas sugeriu, entre várias outras coisas: 1) que se implantasse no Estádio Serra Dourada um sistema de iluminação por energia solar, com placas sobre a cobertura já existente; 2) que se dotasse também o Centro Administrativo de um sistema de energia solar, implantando painéis sobre a cobertura, bem como de um projeto de eficiência energética e redução do consumo. Poucos dias depois, foi informado de que ambos eram inviáveis. No Serra Dourada, porque “o custo seria alto”; no Centro Administrativo porque os painéis na cobertura “inviabilizariam o pouso de helicópteros”. Agora, a Fifa informa que os estádios das 12 cidades escolhidas para a Taça de 2013 e a Copa do Mundo terão energia solar – e que esse item pesou muito na escolha das sedes.
Embora viesse tendo seu preço mais alto (R$ 500 a R$ 600 por MWh) que o das energias hidrelétrica e eólica (em torno de R$ 100), a energia solar começa a avançar em passos largos, aqui e fora. No Brasil, por exemplo, seis distribuidoras iniciam este ano projetos na área. Em meados do ano, a Cemig começa a operar usina de 3 MW em Sete Lagoas (MG), e já venderá energia abaixo de R$ 300, na mesma faixa de outros formatos fornecidos por concorrentes. Em São Paulo, o governo estadual criou fundo de incentivo à solar: garante a compra da energia gerada e incentiva a fabricação de equipamentos; também subsidiará o preço para empresas que comprarem a energia.
No Estado do Rio de Janeiro, outro programa estimula o formato, incentivando a implantação de equipamentos próximos ao local de consumo. O programa todo pretende chegar a 50 MW implantados. No Estádio do Maracanã, as placas fotovoltaicas servirão também para um sistema de eficiência energética e de economia no uso de água. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), há mais 18 projetos em andamento no País, para 24,5 MW, com investimentos de R$ 395,9 milhões, a cargo de Furnas, Chesf, Copel e outras empresas. Na Câmara dos Deputados, tramita projeto que concede incentivos fiscais aos produtores desse tipo de energia, assim como aos consumidores (pessoas físicas ou jurídicas).
No mundo todo, a capacidade de geração de energia solar cresceu 74% em 2010 e chegou a 40 gigawatts (era de 0,7 GW em 1996), enquanto a eólica subiu 26%. A China está se tornando a maior produtora, hoje com 50% do total e previsão de 65% até o final deste ano. Seus preços de energia caíram 42% de 2010 para cá. A evolução tecnológica é muito rápida. Em Fuentes de Andalucia, na Espanha, por exemplo, a geradora fornecerá energia a 25 mil residências nas 24 horas do dia, com um sistema que armazena para as horas sem sol. Japão e Alemanha já permitem a produtores independentes vender energia solar às redes de distribuição. O Brasil pode vir a ter posição privilegiada na área, por contar em abundância com silício necessário para os painéis.
No setor da energia eólica, o Brasil caminha mais. Os investimentos até 2014 serão de R$ 30 bilhões, em 280 parques, que terão capacidade instalada de 7,2 mil MW, quase tanto quanto a famigerada hidrelétrica de Belo Monte. E a preços que caminham para ser menores que o da energia hidrelétrica. Bahia, com 180 parques (1,1 mil MW), Rio Grande do Norte, com 83 parques (2,3 mil MW) até 2014, e Santa Catarina estão na vanguarda, favorecidos pela maior intensidade de ventos no litoral. Segundo a Empresa Brasileira de Energia, poderemos chegar em uma década a 20 GW de potência instalada, equivalentes a uma usina de Itaipu e meia.
O primeiro parque baiano, em Brotas de Macaúbas, na Chapada Diamantina, funcionará já este ano, com investimento de R$ 400 milhões. Produtores rurais receberão royalties pelos terrenos cedidos, além de R$ 5 mil a R$ 8 mil anuais. A empresa Impsa está recebendo R$ 150 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para implantar quatro projetos na área, dos quais três no Brasil, com 481 MW. Dois serão no Ceará e um no Rio Grande do Norte. O BNDES liberou no ano passado R$ 1,6 bilhão para projetos nesse setor, o dobro do que concedera no ano anterior. Ao todo, projetos no valor de R$ 3,4 bilhões são candidatos. Mas ainda ocupamos o 21º lugar no mundo nas área das eólicas, com 1,08 GW implantados. E o quinto lugar entre os maiores investidores em energias renováveis.
Há uma corrida mundial para energias renováveis e “limpas”, como a eólica e a solar, diante da necessidade de reduzir emissões de poluentes que favorecem desastres climáticos. Mesmo assim, prevê a Agência Internacional de Energia que até 2035 as energias de fontes fósseis (petróleo, gás, carvão) só baixarão de 81 para 75% sua participação na matriz energética mundial. Hoje, 1,4 bilhão de pessoas não recebem energia elétrica. 2,7 bilhões dependem de biomassas (lenha, carvão vegetal, esterco) para tê-la. Enquanto isso, as 500 milhões de pessoas mais ricas respondem por 50% das emissões.
Mas é preciso prestar atenção, inclusive em Goiás. O preço da eólica já está competitivo (embora a intensidade de ventos por aqui seja inferior à do litoral). O da fotovoltaica caiu 75% em três anos. Mais cedo ou mais tarde, esses caminhos serão compulsórios, ante a gravidade do quadro climático no mundo. Melhor ter pressa.
*Washington Novaes é jornalista
Fonte: Jornal O Popular
O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado de Goiás (STIUEG) teve seu início no ano de 1949, com a criação da Associação dos Funcionários da CELG. O segundo passo importante dessa história foi dado com a extensão de base para a Associação dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado de Goiás...
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