06/09/2011
A direção da Celg suspendeu a licitação para contratar 1.020 horas de voo, que seria aberta na última sexta-feira. O presidente da companhia, José Eliton, disse que a Diretoria Técnica vai rever a necessidade e detalhes técnicos do concorrência, que previa contrato no valor de R$ 1 milhão.
Não há previsão para que a licitação seja retomada. "Precisávamos rever algumas questões. Vamos esperar mais um tempo. Mas não tenho problema algum em cancelar o processo se a diretoria entender que não é necessário. Não tenho compromisso com o erro", disse Eliton.
O POPULAR mostrou no dia 19 que a Celg abriria a licitação sob argumento de necessidade de deslocamentos da diretoria e de técnicos. Segundo a direção, o avião, do tipo bimotor, seria utilizado para reuniões de interesse da direção da empresa, especialmente em Brasília e no Rio de Janeiro, e também por técnicos em casos de problemas em instalações em cidades do interior, que demandem reparos urgentes.
Eliton afirma que considera necessário o uso dos voos para a manutenção da rede e que esse tipo de licitação é corriqueiro na gestão de empresas do setor elétrico. "Qualquer distribuidora do País tem aviões à sua disposição para trabalhar nisso. Não é porque temos dificuldades que a Celg vai ser relapsa na prestação de serviços. Temos de manter a assistência."
Nos bastidores da companhia, a informação é que assim que reassumiu o cargo de presidente da Celg - depois de ficar interinamente à frente do governo estadual -, Eliton comunicou à direção que a licitação seria suspensa para reavaliar se o contrato é "conveniente e oportuno".
"Em cenário de absoluta austeridade, não pega bem mesmo fazer licitação para contratar voos. Isso é mesmo urgente?", avalia um técnico da companhia. A direção da companhia, que acumula dívidas de R$ 7 bilhões, tem repetido que adota medidas para reduzir os gastos.
Eliton argumenta que, caso retome a licitação, as horas de voo serão utilizadas de acordo com a necessidade. Segundo ele, o fato de contratar 1.020 horas não significa que toda a quantidade será utilizada de fato. A legislação prevê que a companhia honre pelo menos 25% do valor estabelecido no contrato.
Atualmente, de acordo com informações da direção, os deslocamentos necessários são feitos por locação em dispensa de licitação ou reembolso mediante apresentação de nota fiscal, o que aumentaria os gastos.
reajuste
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) vai definir hoje, em reunião pela manhã da diretoria, o reajuste tarifário da Celg. A companhia reivindica aumento de 51,4%, sendo que 45,3% seriam aplicados gradativamente, em quatro anos.
Independentemente do porcentual aprovado pela Aneel hoje, o reajuste só poderá ser aplicado se a Celg conseguir negociar as dívidas com o setor elétrico. A agência reguladora entende que a empresa inadimplente com o sistema elétrico não pode reajustar a tarifa. O impedimento na Celg vem desde 2006.
Além de avaliar o reajuste anual, a Aneel vai também apreciar recurso interposto pela Celg em relação ao porcentual concedido no ano passado, de 11,34%. A companhia alega ter direito de aplicar o aumento. "É claro que não seríamos inconsequentes de solicitar um aumento de 51% de uma só vez. A proposta prevê parcelamento. Não queremos penalizar o consumidor, mas precisamos muito desse reajuste, que não é aplicado há cinco anos", diz Eliton.
Com cerca de R$ 2 bilhões de dívidas com o setor elétrico, a Celg tenta fechar negociação com a Eletrobras, em curso desde o início do ano. O presidente da companhia goiana disse que encaminhou na semana passada todos os dados solicitados pela estatal federal e aguarda posição oficial do governo federal.
O fim da concessão às empresas de energia, em 2015, dificulta as negociações com a Eletrobras. Embora a União sinalize para a renovação, o martelo ainda não foi batido. O plano em acerto com a Celg teria de prever, portanto, recuperação e investimentos da empresa em apenas três anos.
Fonte: Jornal O Popular
