Sob argumento de necessidade de deslocamentos da diretoria e de técnicos, a Celg fechará no próximo mês contrato que prevê 1.020 horas de voo à disposição da companhia. A licitação para os serviços aéreos será aberta no dia 2 e tem estimativa de gastos de R$ 1,02 milhão por 30 meses.

O diretor técnico da Celg, Humberto Eustáquio Tavares Corrêa, afirma que o avião, do tipo bimotor, será utilizado para reuniões de interesse da direção da empresa, especialmente em Brasília e no Rio de Janeiro, e também por técnicos em casos de problemas em instalações em cidades do interior, que demandem reparos urgentes.

A direção da companhia, que acumula dívidas de R$ 7 bilhões, tem repetido que adota medidas para reduzir os gastos, com objetivo de sinalizar ao governo federal o esforço em equilibrar as contas.

Segundo Humberto Eustáquio, os deslocamentos até agora são feitos por locação em dispensa de licitação ou reembolso mediante apresentação de nota fiscal. Segundo ele, houve até uma tentativa de licitação no ano passado para contratar os serviços aéreos, mas o processo não foi concluído.

O diretor afirma que cálculo das mais de mil horas foi feito com base no que já é utilizado atualmente pelo quadro de funcionários. Ele ressalta, no entanto, que a companhia não é obrigada a utilizar necessariamente o total de horas contratadas. "A lei estabelece que temos de utilizar pelo menos 25%. É uma estimativa, que vai ficar à disposição, mas não significa que tudo será utilizado", afirmou.

Questionado sobre o fato de que os diretores da companhia têm o costume de viajar em aviões da frota do governo estadual para tratar das negociações para equilibrar as contas em reuniões em Brasília e no Rio, Humberto disse que nem sempre há aeronaves disponíveis.

Perguntado também se atualmente já não existem técnicos em unidades da Celg no interior, o diretor afirmou que o planejamento estratégico da empresa prevê a descentralização, com criação de centros de manutenção em núcleos com técnicos especializados. Hoje não há, diz.

Segundo informações de funcionários da empresa, no passado, a companhia tinha avião próprio, mas havia altos gastos com manutenção e uso inadequado - por pessoas que não eram da empresa.

Humberto afirma que o foco da licitação será o atendimento a emergências dentro da área de concessão e para inspeções nas instalações. "Eventualmente, algum diretor poderá se deslocar para alguma reunião fora do Estado. Porque você não sabe o que é um diretor deixa acumulado aqui se pegar um carro e levar um dia inteiro em uma viagem", justifica.

Ele explica que as solicitações de utilização das horas de voos são feitas à diretoria técnica, mas passam pelo crivo da presidência da companhia. "A requisição será feita de acordo com a necessidade", disse, admitindo que ainda podem ser utilizados voos de carreira.

O presidente em exercício da Celg, Fernando Navarrete, disse que dificilmente outros integrantes da direção utilizam avião do Estado.

Negociações

Governador em exercício e presidente da Celg, José Eliton (DEM) disse no início da semana que a conversa com a Eletrobras foi retomada e que deve haver avanços nas negociações. Desde o início do ano, o Estado busca acerto com o governo federal que permita a negociação das dívidas. Na última proposta feita pelo governo, a dívida seria convertida em parte das ações da companhia.

O POPULAR mostrou ontem que a Celg apresentou à Aneel proposta de reajuste da tarifa de energia de 51,4%, considerando os quatro anos em que não houve aumento da cobrança por conta da inadimplência com o setor elétrico. O porcentual será avaliado pela agência no próximo mês e só poderá ser aplicado se a Celg voltar a ser considerada adimplente.