O reforço da aliança PT-PMDB em Goiás e críticas ao governador Marconi Perillo (PSDB) dominaram as conversas sobre política no jantar do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com aliados na noite de ontem em Goiânia, no apartamento do prefeito Paulo Garcia (PT), no Setor Bueno.

Partiu do próprio petista o primeiro comentário sobre o imbróglio da Celg. Ele rebateu as acusações de Marconi de que a negociação com a Eletrobras não avança por interferência política. E acusou o tucano de ser o responsável pelo fracasso do acordo fechado no ano passado.

O diálogo foi com o ex-prefeito Iris Rezende (PMDB), assim que Lula chegou ao apartamento de Paulo. O peemedebista, que disputou o governo contra Marconi, disse que a presença do ex-presidente era importante para reforçar a aliança PT-PMDB e a boa relação com o governo federal.

Foi quando Lula abordou a questão da Celg. Disse que fez todo o esforço possível para que se chegasse a um acordo satisfatório e que foi impedido pelo ex-senador, sem citar o nome de Marconi. "Fiz de tudo por essa negociação e ele não deixou sair. Agora se não sair, a culpa é dele", comentou o petista. Iris apenas sorriu, sem alongar o assunto.

Em uma outra roda, maior, com a presença de deputados, Lula disse que faltou ao ex-governador Alcides Rodrigues (PP) disposição para enfrentar Marconi, seu ex-aliado. "O Alcides não teve coragem de enfrentar Marconi, de mostrar tudo. Se tivesse, as coisas teriam sido diferentes", disse.

O tom das declarações de Lula mostra que as divergências com o tucano estão longe de ser superadas e lembram os discursos feitos pelo petista na campanha eleitoral do ano passado, quando subiu no palanque de Iris.

O evento, com 34 convidados - segundo a assessoria do prefeito - teve momentos de descontração. Lula ganhou uma camisa do Vila Nova, levada pelo vereador Djalma Araújo (PT), e cobrou também uma do Goiás e do Atlético. Os torcedores dos times que estavam na festa saíram em busca das camisas.

Ele também chamou todos os presentes para assistir ao jogo Brasil x Equador, da Copa América. Na chegada, Lula avisou que não beberia porque estava com problema na garganta. Mas acabou cedendo às ofertas e tomou uísque.

Ele desembarcou às 19h10, em voo da TAM, diante de muito assédio dos funcionários do aeroporto e de passageiros. Posou para fotos e seguiu para o hangar da Sete Táxi Aéreo. Acompanhado de Paulo e do ex-ministro Luiz Dulci, que chegou com ele, passou no Address Hotel por cerca de uma hora.

Na entrada do prédio de Paulo, gritos e acenos dos apartamentos vizinhos saudavam a chegada de Lula, que acenou rapidamente e não quis dar entrevista. Cumprimentou o porteiro, apresentado por Paulo.

Entusiasmado por receber o ex-presidente em sua casa, o prefeito desceu para conceder entrevista. Disse que o apartamento é pequeno e que teve de reduzir o número de convidados. Além de deputados federais, estaduais e vereadores do partido, foram convidados presidentes das maiores siglas aliadas - Paulo disse ter se esquecido do PR -, os prefeitos de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, e de Anápolis, Antonio Gomide (que não compareceu por problemas particulares). Também foram convidados os ex-prefeitos Darci Accorsi e Pedro Wilson, ambos do PT.

"Se a minha carreira política acabasse amanhã, eu estava feliz. Não precisava de mais nada", disse Paulo.

Lula veio a Goiânia para participar do 52º Congresso da União Nacional dos Estudantes. Ele vai hoje pela manhã ao 2º Encontro Nacional dos Estudantes do ProUni, que faz parte da programação do Conune. O evento está marcado para 10 horas, no Centro de Cultura e Convenções.

De lá, Lula segue para almoço no apartamento de Iris, no Setor Oeste. O encontro será bem mais restrito, com a presença apenas do presidente do PMDB estadual, Adib Elias, do ex-prefeito de Senador Canedo e recém-filiado ao partido, Vanderlan Cardoso, e do secretário municipal de Governo, Osmar Magalhães, além de Paulo e Maguito.

Lula vai ainda a Aparecida de Goiânia, onde visita ao Condomínio Residencial Águas Claras, no setor Belo Horizonte, construído em parceria com o governo federal, no Minha Casa Minha Vida.
 

Fonte: Jornal O Popular