Ricardo César
A disparada dos preços dos combustíveis em março atingiu em cheio o orçamento das famílias de Goiânia com renda de um a cinco salários mínimos (R$ 545,00 a R$ 2.725). No mês passado, os gastos com transporte, que incluem despesas como álcool e gasolina, aumentaram 2%, em média, e foram responsáveis por 38% da inflação registrada na capital, que fechou em 0,77%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), divulgado ontem pela Secretaria de Gestão e Planejamento de Goiás (Segplan-GO).
O índice mede a variação dos preços de 205 itens. O etanol, que subiu 47,3% nos últimos quatro meses nas bombas, foi o grande vilão do IPC em março. A alta foi de 13,02%. A gasolina, por sua vez, que tem peso maior no orçamento das famílias pesquisadas, ficou em segundo lugar, com aumento de 5,9%, na comparação com fevereiro.
O impacto, porém, já era esperado. Apenas em março o valor de comercialização do etanol sofreu quatro reajustes para o consumidor. No início do mês, o produtol era vendido nas bombas a R$ 2,05 e três dias depois atingiu o valor de R$ 2,19. O terceiro reajuste veio na semana seguinte, com alta de R$ 0,10. No fim do mês, o combustível saiu de R$ 2,29 e passou a ser vendido a R$ 2,49.
A gasolina, por sua vez, saltou de R$ 2,69 para R$ 2,89. A alta de R$ 0,20, entretanto, foi a que mais atingiu o orçamento das famílias. "O etanol tem um peso pequeno no cálculo da inflação. Os veículos das famílias entrevistadas são movidos, em grande parte,
só a gasolina. Por isso esse combustível tem maior peso no IPC", explica o gerente de Indicadores Econômicos e Sociais da Segplan, Marcelo Eurico de Souza.
O taxista Edson Alves dos Santos, de 57 anos, sentiu o baque em seu faturamento e orçamento em março com a alta dos combustíveis. Em janeiro, por exemplo, ele gastou cerca de R$ 45,00 por dia com combustível. Hoje, gasta em torno de R$ 80,00. "Não é que o faturamento cresceu. Esse até caiu cerca de 30% em março. Foi o gasto com gasolina que atingiu o bolso", explica.
O vendedor Heliomar de Sousa Goulart, de 53 anos, por sua vez, também sentiu os efeitos da alta do combustível em março. Ele diz que passou a gastar cerca de 20% a mais, na comparação com fevereiro, nos 30 quilômetros rodados em média todos os dias. "Tive de gastar mais para abastecer com gasolina. Ficou mais difícil."
As reclamações dos consumidores têm explicação. A inflação de 0,77% do mês passado é a maior para o mês de março dos últimos seis anos. Segundo a superintendente de Estatística da Segplan, Lilian Maria Silva Prado, o mês, que geralmente é de retração do índice, só foi superado por março de 2004, quando ficou em 0,84%. "Nesse ano a inflação foi puxada pelo setor de transporte devido a alta da demanda e a oferta menor."
Vestuário
Mas não foram só os combustíveis que puxaram a inflação de Goiânia em março. A troca de estações climáticas no último mês teve contribuição de mais de 10% para o índice. Itens como calças jeans e sapatos feminino subiram, em média, 1,48%, fazendo do item vestuário o segundo de maior alta em relação a fevereiro.
A alta de roupas e acessórios, segundo Marcelo Eurico, é cíclica, respeitando sempre a troca de estações. A bermuda masculina (5,16%), sapato feminino (4,87%) e bijuterias (3,83%) foram os itens que mais contribuiram para o reajuste. "Geralmente, os preços caem com a troca de estação."
Para a secretária Monique Câmara, de 28 anos, a alta das roupas foi sentida no orçamento de sua família. Ela diz que a solução foi pechinchar mais e comprar peças da estação que chega ao fim.
Dois dos itens de maior peso na inflação de Goiânia, alimentação e habitação, tiveram avanços discretos em março. Os preços nos dois grupos avançaram 0,3%. Em 2010, eles pesaram mais na inflação registrada no ano.
Na alimentação, houve queda dos preços de carnes, como alcatra (-4,15%), banana maça (-18,56%) e arroz (-1,84), enquanto foi registrada alta da cebola (40,43%), feijão carioca (12,40%) e ovos (4,36%). Na habitação, a baixa dos gastos com despesas encargos e manutenções (-0,79%)de taxas e serviços (-1,8%) também compensaram a alta dos produtos de limpeza (1,95%).
O custo da cesta básica recuou 0,39%, passando de R$ 202,24, em fevereiro, para a R$ 201,45 em março. Nesse primeiro trimestre do ano, a cesta básica acumula queda de 1,28%. As chuvas e início de safra são apontados como as principais causas para o recuo.
Outros
Nas despesas pessoais, a alta dos preços em ingressos para partidas de futebol (12,5%) fizeram o grupo ter alta de 0,11%. Comunicação também teve leve reajuste (0,59%) com o acréscimo nos preços da telefonia pré-paga (2,4%) e pós-paga (4,35%). A educação seguiu a tendência verificada desde o início do ano e subiu 0,31%, graças aos preços dos cursos de informática, que subiram 6,78%.
O terceiro grupo com maior alta da inflação de março foi o de artigos residenciais, com variação de 2,33%. O preço do colchão foi reajustado em 8,5% e a TV, 4,22%. Os itens, contudo, tem peso de apenas 6,65% na formação do IPC. Com o resultado de março, a inflação acumulada no primeiro trimestre em Goiânia fechou em 1,94%. O índice é o maior dos últimos seis anos. As perspectivas para o balanço do primeiro semestre não são boas.
IPCA cada vez mais perto do teto
Os combustíveis também foram responsáveis pelo aumento da inflação para as famílias goianas pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que pesquisa grupos com renda de 1 a 60 salários mínimos. O índice fechou o mês de março com alta de 0,84%, na comparação com fevereiro. Os transportes, onde também estão o etanol e a gasolina, tiveram reajuste de 2,46% - a maior alta dentro os nove grupos pesquisados na capital.
Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que abrange famílias que ganham de um a seis salários mínimos, fechou março em 0,41% em Goiânia. No mês anterior, ficou em 0,37%.
No país
Na média nacional, o IPCA ficou estável, com alta de 0,79% em março. Em fevereiro, o índice havia registrado alta de 0,80%. Em março de 2010, a inflação havia sido de 0,52%. Nos últimos 12 meses, o IPCA acumula alta de 6,30%, cada vez mais próxima do teto da meta estipulada pelo governo, de 6,50% - o centro da meta é de 4,50%, com tolerância de 2 p.p. (pontos percentuais) para cima ou para baixo.
A inflação acumulada em 2011 é de 2,44%, acima da taxa de 2,06% verificada de janeiro a março de 2010. Nos 12 meses encerrados em fevereiro, o índice acumulava elevação de 6,01%. O acumulado de 6,30% é o maior desde novembro de 2008 (6,39%).
O INPC no País teve elevação de 0,66% em março no País, ante 0,54% observados no mês anterior. Nos 12 meses encerrados em março, o indicador acumula elevação de 6,31%, abaixo dos 6,36% relativos aos 12 meses anteriores.
Para alguns especialistas, um eventual aumento da gasolina, que já ocupa o centro das discussões no governo, será suficiente para que a inflação estoure o teto da meta de 6,5% fixado para o ano. Em comparação a alta de 0,80% com fevereiro, houve uma aparente estabilidade. Mas, as variações de preços foram diferenciadas.(RC com agências)
Fonte: Jornal O Popular
O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado de Goiás (STIUEG) teve seu início no ano de 1949, com a criação da Associação dos Funcionários da CELG. O segundo passo importante dessa história foi dado com a extensão de base para a Associação dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado de Goiás...
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