Telefone: (62) 3233-0712 Email: stiueg@uol.com.br Contato Hino STIUEG

Leia..

O peso do desperdício

Salve e compartilhe
23/03/2011

Pode até parecer um conto da carochinha, mas há brasileiros que vivem com menos de um litro de água por dia. Como figuras opostas de um escudo, a passividade perante o vazamento de água ou as horas desperdiçadas na lavagem de uma calçada quase nunca se contrapõe a uma triste realidade que sonda as regiões mais pobres.

Sem encanamentos e muito menos redes de tratamento, moradores do semiárido chegam a caminhar 12 quilômetros para ter acesso a cinco litros de água por dia. Para o  consultor Paulo Costa, da H2C, empresa especializada em programas de uso racional da água e membro do Green Building Council Brasil, essa realidade parece distante porque a maioria dos habitantes das grandes cidades recebe água direto na torneira.

A crença na infinitude do recurso hídrico é outro fator que pode pegar o cidadão no contrapé. Segundo o especialista, mesmo detendo 8% da reserva de água doce e dois terços do Aquífero Guarani, um dos principais reservatórios de água doce do planeta, o Brasil não está livre da escassez. "A sociedade ainda possui a dificuldade de planejar e poupar recursos. Isto também ocorre quando está em questão um bem natural cada vez mais escasso, a água".

Um forte traço cultural alimentado pelo valor subsidiado da água nas grandes cidades. Paulo Costa aponta que nas residências, a água custa um terço do que é pago pelo comércio e indústria. "Por isso, o desperdício é grande." Além disso, o especialista em tecnologias ambientais, Mauro Banderali chama a atenção para o fato de que, apesar de haver um volume considerável de água no país, a gestão inadequada tem provocado perdas irreparáveis.

Entre a captação nos rios, tratamento e distribuição, as concessionárias perdem cerca de 30% dos recursos hídricos com vazamentos nas tubulações. Nas prefeituras, que assumem a responsabilidade pelo gerenciamento da água, o desperdício pode atingir 50% do produto tratado. "Isso acontece porque falta manutenção nas redes que, em sua maioria, são antigas, bem como gerenciamento e troca dos hidrômetros. Não é exagero afirmar que tudo que está no solo ninguém vê".

Somem-se a isso as quase inexistentes iniciativas para a captação das águas das chuvas nas cidades e os desperdícios em descargas sanitárias e lavatórios. Ao mencionar que, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 77% dos habitantes da América Latina vivem nas cidades, Paulo Costa afirma que a relação entre a água e as cidades é crucial.

E as grandes oportunidades estariam justamente no aumento da reciclagem e reuso da água e do esgoto, por meio de tecnologias mais eficientes. Para ele, falta conscientização e investimentos em políticas públicas para incentivar o uso racional da água. "A substituição de equipamentos hidrossanitários por produtos economizadores de água permite uma economia de quase 70% comparado ao consumo dos produtos obsoletos e gastadores".

Ao citar exemplos de Nova Iorque e Houston, que implantaram programas de incentivo à adoção de equipamentos racionalizadores do consumo de água, Paulo Costa reclama que a gestão dos recursos hídricos não é levada a sério no Brasil. "Temos dinheiro para financiar dívidas de países vizinhos, mas não conseguimos estimular, com benefícios fiscais, a troca dos itens hidrossanitários gastadores por outros, economizadores".

Mesmo dispondo de tecnologias e equipamentos de ponta para a implementação de programas que permitem uma economia de até 40%, o país ainda utiliza timidamente as iniciativas. Paulo reclama que a adesão aos novos sistemas ainda muito pequena no setor público começa agora a caminhar na iniciativa privada. Para se ter uma ideia, os itens inteligentes movimentam apenas entre 3 e 5% do mercado de louças e metais sanitários, nos canais de compra e venda. "É muito pouco tendo em vista que a troca dos equipamentos fica barata em comparação à economia gerada".

Segundo ele, em um imóvel residencial, a média de gasto diária varia entre 250 e 450 litros por pessoa. Nas indústrias, o consumo per capita também é alto e chega a 30 litros/dia. Do outro lado, indicadores internacionais apontam que o nível de consumo ideal é da ordem de 110 litros por pessoa ao dia.

Paulo comenta que, nos edifícios comerciais, onde o grande vilão do consumo é a bacia sanitária, que responde por 50% a 80% do consumo de água, a simples regulagem da válvula de descarga ou a troca por bacias pode reduzir os gastos em até 40% por mês.

Considerado um dos principais vilões do desperdício, o banheiro chega a representar 73% do consumo total de uma residência. 46% desta água vazam pelo chuveiro, que, dependendo do modelo, pode despejar de oito a 20 de litros de água por minuto.

O especialista comenta que quase metade da utilização de água em uma casa passa pelo chuveiro. Por isso,  diz que nunca é demais reforçar a importância de banhos rápidos, de no máximo de cinco minutos. Além disso, afirma que, em um orçamento preliminar, seriam necessários, em média, apenas R$ 350 para adaptar o banheiro. "Se as pessoas detivessem essa informação, se isso fosse divulgado à exaustão, teríamos uma gestão melhor da água. O que nos falta é um pouco de atitude porque temos tecnologia de sobra com potencial igual".

Preocupado com o impacto gerado pelo banheiro, o engenheiro Gustavo Veras, diretor da Loft Construtora, implantou um sistema de reaproveitamento de água no projeto de um condomínio residencial, em Aparecida de Goiânia. Com  uma mini-estação para reuso de água dos chuveiros e pias, os futuros moradores poderão usar os recursos para a limpeza das áreas comuns, na manutenção do paisagismo e lavagem dos carros. O sistema também captará águas das chuvas.

A instalação de bacias tipo dual flush, com vazão de três litros para líquidos, e de seis para sólidos e torneiras com restritores de vazão foram medidas adotadas pela CMO Construtora, na construção de um novo empreendimento em frente ao Parque Cascavel, em Goiânia. O condomínio Varandas de Copacabana também será dotado de sistema de detecção de vazamento e transbordamento nos reservatórios.

Defendida por Paulo Costa com medida essencial para estimular o consumo consciente, a individualização dos hidrômetros ganha força entre os goianos. O diretor da CMO Construtora, Moacyr Moreira, diz que o sistema evita injustiças na divisão da conta de água e reduz o desperdício.

O diretor da consultoria H2C afirma que com a instalação de hidrômetros percebe-se imediatamente uma queda de 15 a 20% no consumo. "A pessoa passa a pagar a água consumida somente por sua residência e pode verificar seus índices de gasto. Ao dividir as contas dos prédios em valores iguais, fica impossível que cada morador saiba seu gasto real".

Reaproveitamento começou em 2006
A ideia ganhou o Prêmio Eco, na categoria modalidade Práticas de Responsabilidade Social Empresarial, e entrou para a história com uma das primeiras iniciativas de reaproveitamento das águas na construção civil em Goiás. Em 2006, a Toctao Engenharia investiu num sistema de reutilização das águas das chuvas, no condomínio Lagoinha, na Cidade Jardim.

Hoje, em pleno funcionamento, o recurso permite que a água das chuvas seja aproveitada durante todo o ano nas descargas dos apartamentos, limpeza da área comum ou manutenção do paisagismo. "Mesmo no período de estiagem, nosso reservatório fica cheio", diz  o síndico do prédio, Valter de Oliveira Júnior.

No residencial, a água das chuvas é captada por meio de calhas nos telhados. De lá, ela vai para um reservatório, de 200 mil litros, instalado em baixo da quadra esportiva. Após passar por um processo de desinfecção, a água é utilizada nas descargas sanitárias dos apartamentos e para limpeza das áreas comuns do condomínio. Hoje, cerca de duzentas famílias que vivem no Residencial utilizam 40 mil litros do reservatório ao dia, reduzindo assim o consumo de água tratada.

A boa recepção fez com o que o projeto fosse replicado em outro empreendimento, o  Ambient Park Residencial. O diretor desenvolvimento imobiliário da Toctao En­ge­nharia, Paulo Henrique Ri­beiro, que implantou o reaproveitamento de água pioneiramente em Goiás, comenta que os benefícios não atingem somente os moradores dos condomínios. "A água das chuvas também é captada e tem destino à recarga do lençol freático, evitando que o excesso de água transborde das sarjetas e provoque inundações nos bairros vizinhos".

Economize

Grande vilão do consumo de água, o chuveiro pode ter a vazão reduzida pela metade com a instalação de um restritor.
Bacias sanitárias antigas (que gastam 18 litros de água) devem ser substituídas por modelos de baixo consumo.

Desde 2003, por norma da ABNT, os fabricantes passaram a disponibilizar bacias que gastam entre 3 e 6 litros de água.
Torneira fechada na hora de escovar os dentes significa economia de mil litros água/mês.

Reduza o tempo de banho em 1 ou 2 minutos e economize até 540 litros de água a por mês.

Além de reguladores de vazão nas torneiras, outra opção para gerar economia são os arejadores. O equipamento mistura ar à água, aumentando a sensação de volume.

Atitude exemplar na cozinha é jamais lavar os pratos com a torneira aberta. Enquanto estiver lavando a louça, use vasilha com água de lavar e outra com água de enxaguar.

As torneiras da lavanderia também podem ganhar restritores de vazão, que vão diminuir de 12 litros/minuto para 6 litros/minuto o consumo de água

Qualquer máquina de lavar deve sempre começar a funcionar cheia e na capacidade máxima. Com isso, a economia no final do mês pode chagar a 3,6 mil litros de água.

Fontes: Saneago, Agência Nacional das Águas (ANA), Fundação Mata Atlântica e H2C Consultoria

FONTE: Jornal Tribuna do Planalto
leia mais..

Destaques

Newsletter

Stiueg

O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado de Goiás (STIUEG) teve seu início no ano de 1949, com a criação da Associação dos Funcionários da CELG. O segundo passo importante dessa história foi dado com a extensão de base para a Associação dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado de Goiás...

Onde estamos

® STIUEG.ORG.BR
Rua R-2 nº 210 Setor Oeste
Goiânia - Goiás CEP: 74125-030
Telefone: (62) 3233-0712
Email: stiueg@uol.com.br

Todos os direitos reservados. Desenvolvido por Supera Web X