Almiro Marcos
Goiás precisa investir quase R$ 700 milhões até 2015 para garantir o abastecimento de água de mais de 80% da população até 2025. Dos 224 municípios atendidos pela empresa de Saneamento de Goiás (Saneago), 113precisam de intervenções, como adequações, ampliações e indicação de novos mananciais. O número representa quase 46% dos municípios goianos (246). Os dados constam do relatório Atlas Brasil - Abastecimento Urbano de Água, lançado ontem, o Dia Mundial da Água, pela Agência Nacional de Águas (ANA).
O investimento necessário para Goiás é apenas para evitar que alguns municípios tenham problemas mais sérios com falta de água, conforme tem sido registrado nos últimos anos em algumas regiões goianas nos períodos de seca. Já os investimentos para universalização do acesso a água giram em torno de R$ 1,5 bilhão. Hoje, cerca de 20% da população goiana não tem água tratada em casa. Isso representa mais de 1,2 milhão de habitantes.
O diagnóstico da ANA, na verdade, só revela uma situação conhecida há um bom tempo e que não foi resolvida ao longo dos anos pelo setor de infraestrutura do Estado. O relatório mostra que os gargalos estão nas maiores cidades, justamente por causa do adensamento populacional das últimas décadas. Ocorre que a demanda por água cresceu muito acima dos investimentos públicos em saneamento público.
Assim, os principais problemas atualmente são registrados na região metropolitana de Goiânia e no Entorno de Brasília, além de Anápolis, regiões que concentram metade da população do Estado. No caso da capital e seu entorno, a aposta é o uso da água do reservatório do Ribeirão João Leite, cujo represamento foi iniciado em setembro de 2009. No entanto, para que o líquido chegue aos pontos mais distantes, como parte de Aparecida de Goiânia, será necessária a ampliação do sistema de distribuição. Os recursos previstos nesse sentido ultrapassam os R$ 272 milhões.Garantia A Saneago garante que vai investir no tempo para que a população não fique desbastecida. "Existem recurso já contratados para o Estado na ordem de R$ 600 milhões. Então não teremos dificuldades para executar o que é necessário para atender à demanda atual. Afinal, é mesmo uma situação emergencial que precisamos resolver a curto prazo", explica o diretor-presidente da empresa, Nilson Freire.
Ele salienta que uma das dificuldades hoje no setor de saneamento do Estado é a falta de projetos. "Em muitos casos sabemos que existe a necessidade de ampliação, mas não existem projetos para indicar onde e nem como isso será feito. Um dos exemplos é Rio Verde. Agora, a questão é a criação de projetos onde será necessária a execução", diz o presidente da Saneago. Ele justifica que o detalhamento das necessidades pode indicar, inclusive, a ampliação do investimento previsto.
Aparecida tem sérios problemas
Os dois filhos da dona-de-casa Renata Ribeiro, de 28 anos, já tiveram problemas de saúde de origem inexplicável. Diarréia, vômito e febre. Em pelo menos um dos casos ela levou o filho, de 4 anos, ao médico. "O doutor me perguntou se o menino tomava água de cisterna. Eu disse que sim. Então me explicou que o problema do meu filho devia vir disso. Seria algo na contaminação da água", conta a mulher.
Moradora do Buriti Sereno Garden, em Aparecida de Goiânia, há cinco anos, ela lembra que os filhos começaram a apresentar regularmente problemas de saúde quando se mudou para o bairro. Antes, morava em Campinas, na capital, um setor abastecido por água tratada. Já em Aparecida, só água de cisterna. "Tem uma fossa pertinho. Acho que a água contamina, né?", raciocina.
Longe de ser exceção, a situação de Renata é compartilhada pelo menos 200 mil pessoas. Afinal, Aparecida é pedra no sapato da política de saneamento do Estado. Segunda maior cidade goiana tem mais de 455 mil habitantes. Ela apresenta problemas sérios de infraestrutura, sendo um dos principais a falta de acesso à água tratada. Enquanto no restante do Estado cerca de 80% da população usa água tratada, em Aparecida esse índice mal chega a 50%.
Nos últimos anos, aliás, a cidade sofreu com a falta de água na metade mais seca do ano. No início de 2011, Saneago, prefeitura e Ministério Público (MP) se reuniram para definir um cronograma para implantação de obras de saneamento na cidade. A estatal se comprometeu a ampliar o acesso de 50% para 70% até o final do ano.
Projetos em comum para o Entorno do DF
O Atlas Brasil - Abastecimento Urbano de Água traça um panorama do País, indicando que 55% dos municípios precisam investir mais de R$ 22,2 bilhões para garantir o abastecimento até 2025. No Centro-Oeste, Goiás e Distrito Federal respondem por 85% da necessidade de investimento (R$ 1,4 bi de R$ 1,7 bi).
As duas unidades da federação, inclusive, têm projetos de abastecimento em comum, já que Goiás e DF têm em comum a questão do entorno de Brasília. De acordo com o presidente da Saneago, Nilson Freire, o Sistema Corumbá IV irá abastecer o Entorno Sul (Luziânia, Valparaíso, Cidade Ocidental e Novo Gama). Mas a água chegará também ao Gama e Santa Maria, no DF.
Degradação ameaça futuroMais do que resolver os problemas atuais, a Saneago convive com a indecisão com relação ao futuro. Afinal de contas, a degradação dos mananciais caminha em ritmo acelerado conforme aumenta a demanda por água. Reportagem publicada pelo POPULAR em junho do ano passado mostrou que 64% da população goiana está com o abastecimento de água comprometido pelo crescimento urbano desordenado.
Fonte: Jornal O Popular
O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado de Goiás (STIUEG) teve seu início no ano de 1949, com a criação da Associação dos Funcionários da CELG. O segundo passo importante dessa história foi dado com a extensão de base para a Associação dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado de Goiás...
Todos os direitos reservados. Desenvolvido por Supera Web X