Reajustes salariais pressionam preços de vários produtos
21/03/2011
São Paulo
Fabricantes de eletrodomésticos, eletroportáteis, veículos e máquinas chegam ao fim do primeiro trimestre do ano numa encruzilhada. De um lado, enfrentam fortes aumentos de custos, que vão do reajuste de salários dos trabalhadores acima da inflação à elevação dos preços das matérias-primas de até 20%. De outro, continuam pressionadas pela concorrência dos importados.
O resultado desse jogo de forças é que as indústrias não conseguem repassar integralmente o aumento de custos para os preços ao consumidor. Isso põe um pouco de água na fervura da inflação. Mas essa contingência também reduz a competitividade e a rentabilidade da indústria.
"Desde 2008, antes da crise, não tínhamos tantos aumentos de custos simultaneamente", observa um empresário da indústria que não quer ser identificado. Um dos vilões de aumentos de custos são as resinas plásticas, usadas em eletrodomésticos e veículos. O preço da matéria-prima subiu 20% este mês.
Na lista de aumentos de custos também estão o aço e alumínio, com 10%; o cobre, que subiu 25% desde outubro de 2010; os pneus, que serão reajustados em 10% em abril; e as embalagens de papelão ondulado, com aumentos de preços entre 6% e 7% previstos para abril ou maio.
Os empresários perdem o sono com os reajustes porque não têm como driblá-los. Exceto os salários dos trabalhadores, os demais preços são formados no mercado externo. E, para complicar, há matérias-primas concentradas em poucos fabricantes.
"A maioria das 11,7 mil empresas do setor de plásticos são pequenas e médias e têm dificuldade para repassar os aumentos de custo da resina", diz o presidente da Abiplast, José Ricardo Roriz Coelho. Em contrapartida, o fornecedor da resina é um só.
Rui Chammas, vice-presidente da Braskem, que comprou a Quattor e detém a produção de resinas plásticas, diz que a alta do petróleo pressionou a indústria química e de derivados.
Aumento do aço preocupa
São Paulo- O movimento de alta de preços se repete no aço, por exemplo. "As siderúrgicas começaram a retirar os descontos na faixa de 10% por causa da entrada do aço importado", conta o ex-presidente do Inda, que reúne os distribuidores de aço, Christiano da Cunha Freire. A Usiminas informa que reajustou entre 5% a 10% os preços.
Os fabricantes de veículos dizem que acabam tendo de aceitar indiretamente aumentos quando compram as autopeças, que adquirem aço dos distribuidores.(AE)
Custo da borracha dobrou
O presidente da associação que reúne importadores de produtos para veículos, Rinaldo Siqueira Campos, diz que também está difícil segurar a alta de preços dos pneus. O motivo é que, em seis meses, o preço da borracha dobrou.
Por causa da competição entre montadoras, a Anfavea informa que as pressões de custos não têm sido repassadas aos carros, cujos preços recuaram 1,2% em 12 meses entre 2010 e 2011.
"Está muito difícil repassar os aumentos de custos", diz Paulo Coli, vice-presidente da Latina, que produz lavadoras. No seu caso, o maior obstáculo é a formação de grandes conglomerados, após as recentes fusões no varejo de eletrodomésticos.(AE)
Empresa pode segurar repasse
São Paulo- Os preços no atacado das matérias-primas usadas pela indústria subiram no ano, até março, quase 3%, cerca de um terço da alta de 8,8% registrada nos últimos em 12 meses, apontam os dados do Índice de Preços por Atacado da FGV.
"Há uma aceleração maior nos preços das matérias-primas usadas pela indústria neste início de ano", observa o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros. O grupo matérias-primas para manufatura é um bom termômetro de custos da indústria porque reúne preços de diversos setores.
No caso das embalagens de papelão, o reajuste captado pelo IPA no ano até este mês é muito pequeno (0,16%), perto da variação das resinas plásticas no mesmo período (5,02%). Mas já há sinalizações de alta no mercado.
"Vamos precisar aumentar entre 6% e 7% os preços das embalagens de papelão ondulado em abril ou maio. Se não fizermos, vamos ter um buraco", conta Sérgio Amoroso, presidente do Grupo Orsa, uma das gigantes do setor.
Quadros, da FGV, diz que é pouco provável que esses aumentos de custos nas etapas de produção da indústria se transformem em inflação para o consumidor. O economista aponta dois fatores que ajudam a segurar o repasse: a forte concorrência dos produtos importados e o fato de que a indústria vem de uma fase de recuperação de preços.
Portanto, as empresas ainda teriam algum fôlego para absorver aumentos sem repassá-los. Braulio Borges, economista-chefe da LCA Consultores, observa que é difícil afirmar que há redução de competitividade na indústria em razão de aumentos de custos porque não se sabe ao certo o tamanho das margens.(AE)
Fonte: Jornal O Popular
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