Segundo mapa da violência 2011, divulgado ontem, taxa de crimes de morte subiu quase 200% na população com idades entre 15 e 24 anos
Maria José SilvaO índice de assassinato de pessoas com idades entre 15 e 24 anos teve um salto assustador em Goiás. De 1998 a 2008, período estudado para a composição do Mapa da Violência 2011 - Os Jovens no Brasil, a taxa de mortes por homicídio nesta faixa etária subiu de 19,6 para 57,7 a cada 100 mil habitantes. Um crescimento de quase 200% (veja quadro).
O estudo, feito pelo Ministério da Justiça e Instituto Sangari, revela que as pessoas entre 15 e 24 anos compõem a parcela da população mais vulnerável às mortes violentas e, sobretudo, aos homicídios. São vítimas como o costureiro Felipe Roberto Taveira de Souza, de 18 anos, morto com dois tiros, às 19h45 de quarta-feira, quando estava na porta de casa, no Jardim Alto Paraíso, em Aparecida de Goiânia.
O rapaz havia saído de moto com um primo, que o deixou na porta de casa e saiu. Neste instante, homens em um Gol prata aproximaram-se e um deles efetuou os disparos. Felipe Roberto morreu na hora. O crime é investigado pela delegada Adriana Ribeiro de Barros, titular do Grupo de Investigações de Homicídios.
Ranking
Goiás está em 7º lugar entre os Estados onde houve aumento das taxas de assassinato em que as vítimas eram jovens. Os índices de Goiás só não são superiores aos do Maranhão, Bahia, Alagoas, Sergipe, Minas Gerais e Pará.
De acordo com a pesquisa, em todo território nacional as taxas de jovens assassinados cresceu somente 10,9%. Estados como São Paulo e Rio de Janeiro conseguiram, por meio do desenvolvimento de políticas públicas, reduzir em 67,5% e em 29,8%, respectivamente, os índices de homicídios de jovens.
Os dados confirmam levantamentos feitos pelo POPULAR nos últimos anos junto aos arquivos da Delegacia Estadual Investigações de Homicídios (DIH). Grande parte dos homicídios, principalmente entre as pessoas mais jovens, está relacionada ao tráfico e consumo de drogas e, particularmente, pela disseminação do uso do crack.
O sociólogo Nildo Viana, professor da Universidade Federal de Goiás, destaca que o envolvimento com as drogas e a ocorrência de assassinatos motivados pelo tráfico são fenômenos também predominantes no interior do Estado. Ele aponta o desemprego e a falta de perspectiva nos municípios goianos como motivadores da inserção de jovens cada vez mais frequente com as substâncias tóxicas.
Por ocupar posição estratégica, no centro do País, Goiás é, ao mesmo tempo, rota e ponto de distribuição de maconha, cocaína e crack. Os assassinatos de jovens, conforme os registros da DIH, ocorrem com predominância nas imediações de bocas-de-fumo, em bares frequentados por usuários e traficantes e em ruas e avenidas por onde as vítimas trafegam na ida para os pontos de droga ou na volta para casa.
"Para fugir da dura realidade, as pessoas se envolvem com a droga", analisa o sociólogo Nildo Viana, assinalando que esta questão também atinge as famílias de condições financeiras mais favorecidas devido à desintegração da sociedade rural e à dificuldade de integração no meio urbano.
O índice de assassinatos em Goiás também cresceu entre a população em geral, segundo o Mapa da Violência 2011. A quantidade de pessoas mortas no Estado passou de 636, em 1998, para 1.754, em 2008.
Goiás, conforme os dados da pesquisa, ocupa o preocupante nono lugar no ranking das unidades da Federação com maior número de homicídios. O estudo também mostra que Goiás tem quatro cidades entre as mais violentas do País, proporcionalmente: Águas Lindas, Planaltina e Santo Antônio do Descoberto (no Entorno do Distrito Federal) e Cristalina.
Mortes em 41 dos 80 confrontos
De 2008 até ontem, 80 pessoas foram mortas em Goiânia em supostos confrontos com policiais militares. Em 41 destes casos relatados pela própria polícia, as vítimas tinham entre 15 e 24 anos. Em outros 27 homicídios ocorridos em troca de tiros com policiais neste período as vítimas não foram identificadas - a idade não foi revelada. Em outros 22 casos relatados as vítimas tinham mais de 25 anos.
A pouca idade anotada na maioria dos confrontos - entre 15 e 24 anos - porém, deixou claro outro fator. A entrada cada vez mais cedo do jovem no mundo do crime. Em mais de 70% dos casos entre o início de 2008 e ontem, as vítimas de confronto tinham antecedentes criminais, haviam acabado de cometer delitos como furtos e roubos ou eram suspeitas de algum crime.
Somente em 2008, ano em que a pesquisa tomou como limite, foram cometidos 442 assassinatos na capital - 162 vitimaram jovens entre 15 e 24 anos. Destas, 26 ocorreram em supostos confrontos com a polícia.
Exposição frequente a situações de risco ajuda a ampliar índices
O envolvimento com as drogas não é o único motivador das mortes precoces e violentas das pessoas entre 15 e 24 anos. A população jovem é o principal alvo dos assassinatos devido a características singulares da faixa etária na qual está inserida. Ela se expõe com mais frequência, participa de grupos e, não raro, não tem noção precisa dos riscos aos quais está submetida.
O sociólogo Nildo Viana, professor da Universidade Federal de Goiás, observa que os jovens frequentam, durante a noite e de madrugada, com mais intensidade, os locais públicos sujeitos à ocorrência de desavenças, como festas, boates e pátios de postos de combustíveis, entre outros locais onde podem ocorrer discussões, assaltos e assassinatos.
Associado a isso, pessoas com menos de 25 anos muitas vezes têm o hábito de participar de gangues que protagonizam arruaças, de torcidas organizadas e turmas de pichadores. Estes jovens normalmente envolvem-se em brigas dentro do próprio grupo ou com componentes de outros bandos.
O Estado, na avaliação do sociólogo, pode amenizar esta questão com o desenvolvimento de políticas públicas efetivas nas áreas de educação, trabalho, cultura e lazer.
O secretário de Segurança Pública, João Furtado Neto, acentua que a pesquisa divulgada ontem pelo Ministério da Justiça não retrata com fidelidade a atual realidade do Estado, tendo em vista que diz respeito ao período de 1998 a 2008.
Em 2008, conforme o Mapa da Violência, foram registrados em Goiás 30 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes. Atualmente, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública de Goiás, são notificados 24,8 contra 24,4 no País. João furtado Neto observa que é um índice alto, mas enfatiza que as autoridades estão trabalhando para diminuí-lo.
Entre as várias medidas já adotadas, o secretário destaca a criação do Gabinete de Gestão da Segurança no Entorno do Distrito Federal; instalação de grupos especiais de investigação de homicídios; o aumento do contingente policial; reequipamento das Polícias Civil e Militar e a adoção da meritocracia nos quadros das polícias voltada para resolução de casos de homicídios.
Fonte: O Popular
O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado de Goiás (STIUEG) teve seu início no ano de 1949, com a criação da Associação dos Funcionários da CELG. O segundo passo importante dessa história foi dado com a extensão de base para a Associação dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado de Goiás...
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