A enfermeira Rosaly de Freitas Carvalho sentiu, durante todo o ano passado, o peso dos alimentos no orçamento doméstico. "Toda vez que eu ia ao supermercado ou à feira os preços estavam mais elevados. Sempre desembolsava mais dinheiro para levar menos produtos para casa", lamenta.
O que Rosaly percebeu no seu dia-a-dia foi captado pela Secretaria de Planejamento de Goiás (Seplan-GO) no Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que atingiu 8,08% no acumulado de 2010, mais do que o dobro do índice registrado no ano anterior (4,01%), e o segundo maior do governo Lula, perdendo apenas para 2003, quando ficou em 8,62%.
"O ano de 2010 foi o da inflação dos alimentos, que chegou a consumir 30% do orçamento mensal das famílias com renda de até cinco salários mínimos (R$ 2.550,00)", diz o economista Marcelo Eurico de Sousa, responsável pela pesquisa de preços da Seplan-GO.
Embora estejam lidando diariamente com os números, a superintendente de Estatística da Seplan-GO, Lilian Maria Silva Prado, confessa que até os pesquisadores ficaram assustados com a alta do IPC de Goiânia.
"Nossa previsão era que ele fechasse o ano em torno de 5%. Mas os alimentos pressionaram o índice durante todo os meses e nos surpreendeu no fechamento do ano. Os produtos alimentícios subiram, em média, 15,35%", explica a superintendente da Seplan, ao analisar o resultado.
Vilão No ano passado, o feijão foi o vilão da inflação de Goiânia, com aumento de 75%. As carnes também pressionaram o índice para cima com alta média de 36,7%. E o consumidor ficou sem opção na hora das compras. Os cortes de primeira, como coxão mole, subiram 40,34%, e a os de segunda, como exemplo a costela, foram reajustados em 40,48%. O pernil suíno variou 20,7% e o frango 9%, índices bem superiores ao da inflação oficial do ano, que é deverá ficar em 5,63%.
A enfermeira Rosaly Carvalho constatou que realmente ficou quase impossível levar para casa as mesmas quantidades de carnes, feijão, açúcar e leite. "Tenho duas crianças, que necessitam se alimentar melhor com esses produtos, mas tivemos de reduzir o consumo devido os preços estarem muito elevados."
Ela espera que agora, em 2011, os preços dos alimentos diminuam para garantir às famílias uma mesa mais farta.
Mas Lilian Prado e Marcelo de Sousa trabalham com a expectativa de que alguns produtos continuarão em alta, como açúcar, óleo de soja e carnes, em função da oferta estabilizada e da maior demanda mundial.
Além dos alimentos, as despesas pessoais e os artigos do vestuário também pressionaram a inflação de Goiânia, no ano passado, com alta de mais de 10%. O aluguel residencial aumentou, em média 10,83%, e os serviços de cabeleireiro subiram 23,77%, de acordo com a Seplan-GO
Dezembro Em dezembro, o IPC de Goiânia registrou recuo. Ficou em 0,11% na comparação com novembro (1,4%), puxado pela queda de alguns produtos como feijão (-19,48%), arroz (-1,21%) e carne bovina (-3,59%).
"Embora os preços desses produtos tenham caído no mês passado, em função da queda da demanda, eles ainda continuam muito elevados", afirma Lilian Prado.
No mês passado, também pressionaram a inflação de Goiânia as altas nos preços de produtos pertencentes ao grupos de despesas pessoais (2,46%), vestuário (1,26%) e artigos de residência (1,29%). Apenas o corte de cabelo feminino aumentou 13,64%, conforme a pesquisa.
IGP-DI A inflação medida pelo Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) fechou o ano de 2010 com alta acumulada de 11,30%, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV). No mês de dezembro o índice desacelerou para 0,38%, ante alta de 1,58% em novembro.
Entre os componentes do índice que mais influenciaram na desaceleração, o chamado estágio das matérias-primas brutas teve grande recuo, passando de 4,27% em novembro para 0,74% em dezembro.
Feijão pressiona a alta da cesta básica no ano
O feijão foi o vilão da cesta básica de Goiânia no ano passado. O produto subiu 78,66% e, ao lado das carnes (35,32%) das frutas (38,16%) e do açúcar (27,69%), fez com que os 12 itens da cesta tivessem alta média de 18,84%,índice bem superior ao registrado em 2010, quando ficou negativo em 1,29%.
O leite, o pão francês e o óleo de soja também tiveram , no ano passado, reajustes superiores ao índice da inflação anual de 8,08%, medida pela Secretaria de Gestão e Planejamento (Seplan-GO).
Os legumes e tubérculos foram os únicos produtos da cesta básica que apresentaram reduções de preços, no ano passado, de acordo com a pesquisa divulgada ontem pela Seplan-GO.
No mês
Em dezembro último, o custo da cesta básica de Goiânia, para uma pessoa, ficou em R$ 204,07, valor 1,96% inferior ao registrado em novembro (R$ 208,14), embora ainda represente 40% do total do salário mínimo do ano (R$ 510,00).
No mês passado, foram as frutas (6,2%) e o óleo de soja (5,62%) que pressionaram o custo da cesta básica de Goiânia.(Sônia Ferreira)
O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado de Goiás (STIUEG) teve seu início no ano de 1949,
com a criação da Associação dos Funcionários da CELG. O segundo passo importante dessa história foi dado com a
extensão de base para a Associação dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado de Goiás...