Após mais de três anos e seis propostas de acordo, as negociações em favor da Celg devem voltar à estaca zero. Embora não haja anúncio oficial, o governo estadual considera esgotadas as chances de fechar a operação, depois que a Eletrobras não fechou questões burocráticas relacionadas a acordos de refinanciamento das dívidas.
Ontem a ordem no governo era não comentar as negociações. A expectativa é anunciar novas informações hoje, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Petrolina de Goiás (74 quilômetros de Goiânia).
A assessoria de imprensa da Eletrobras contesta os boatos de que o Conselho de Administração da empresa pôs fim ao acordo com a Celg. O assessor informou que, na última quinta-feira, o acerto com a estatal goiana estava na pauta da reunião do conselho, mas foi retirada depois que chegou à Eletrobras a informação de que a Caixa Econômica Federal ainda não havia liberado os recursos do empréstimo.
A previsão era que este mês a Caixa liberaria a primeira parcela - R$ 1,2 bilhão de R$ 3,7 bilhões. "Quando sair o dinheiro, cabe à Eletrobras, se julgar conveniente, aprovar a operação", justificou.
Nos bastidores da Celg, a informação é que a Eletrobras deveria aceitar aditivos aos acordos de refinanciamento, uma vez que os assinados em 2 de setembro tinham validade de apenas 18 dias. Sem os aditivos, o plano de uso dos recursos, que é anexo ao contrato de financiamento com a Caixa, não poderia ser ativado, já que as contas não são de livre movimentação.
O portal Energia Hoje informou ontem que o presidente da Eletrobras, José Antonio Muniz, disse na terça-feira que a "negociação dificilmente avançará por motivos políticos".
A incerteza sobre a operação fez crescer as especulações de que Lula pode anunciar hoje a federalização ou intervenção na empresa. A hipótese, porém, é considerada remota, porque esse tipo de decisão exige longo processo na Agência Nacional de Energia Elétrica. Sabe-se, no entanto, que a Aneel reabriu o processo para avaliar a caducidade da concessão da Celg. A proposta havia sido retirada de pauta por conta das negociações entre governos federal e estadual.
Fonte: Jornal O Popular