por Marcelo Leite
Compromissos profissionais me levaram ao Peru e à Noruega no espaço de duas semanas. São países belíssimos, onde boa parte da população vive em contato direto com a natureza. O contraste, contudo, não poderia ser mais gritante.
"Gritante", aqui, não chega a ser força de expressão. Da vontade de gritar, mesmo. A pobreza no Peru lembra o Nordeste brasileiro dos anos 1970-80, em que a desorganização, a população vulnerável ao clima e os problemas sanitários imperavam. Crianças morrem "por dá cá aquela palha" e os jovens se escafedem para a cidade grande assim que podem, em busca de vida melhor.
Na região de Cuzco, por onde andei a convite da organização internacional Oxfam (uma reportagem na Folha contará em breve de que se tratou), o contato com a natureza é áspero, rude. Os camponeses de origem quíchua trabalham a terra dura e rochosa de montanhas tão lindas quanto inclementes. Batatas e gado --vacas, ovelhas, lhamas e alpacas-- constituem os principais meios de subsistência. Come-se até porquinho-da-índia (cuy).
O que mais falta por ali é água. A aridez do altiplano andino não dá trégua. Sem capital e com pouca assistência técnica, os bravos peruanos arrancam seu sustento do chão como tubérculos recalcitrantes, uma vida seca, gelada e escura como os "chuños" com que garantem os meses e anos de colheita zero. São batatas pequenas, desidratadas na base do frio. É um símbolo nacional, no bom e no mau sentido.
Na Noruega, o que não falta é água. O longuíssimo país é retalhado por fiordes (sobre os quais escreverei em breve). Das encostas desses extensos vales de mar projetam-se cachoeiras suicidas, não raro várias à vista ao mesmo tempo. Musgos e líquens proliferam no chão das florestas e campos encharcados e lamacentos. Há sempre um regato por qualquer parte, nuvens a tocar o solo que já foi o leito de geleiras colossais, lagos e rios em profusão.
Aqui também impera o gado (bovino, ovino e caprino). Gordos e numerosos, não mirrados e esparsos como o peruano. Pastos verdes e celeiros vermelhos compõem uma paisagem de trenzinho elétrico. A organização tem algo de germânica, e o trânsito flui sem sobressaltos, mesmo em estradas impossivelmente apertadas.
Nas montanhas do Peru, muitas rodovias sequer merecem este nome, e não só por serem estreitas. Cortando o campo pedregoso, mal se distinguem da paisagem rude. Há poeira por toda parte. Nas cidades, motoristas disputam espaço com volúpia, mas de modo inexplicável os conflitos não eclodem em meio ao buzinado.
Peruanos e noruegueses, no entanto, partilham algumas coisas mais que gorros coloridos com orelhas. Vivem em intimidade muito maior com a água do que os brasileiros.
Peruanos sentem desesperadamente sua falta. Noruegueses mal se dão conta de sua maior dádiva natural, pois certamente não é tanto em água que estavam pensando - talvez no petróleo do mar do Norte que enriqueceu o país nas ultimas décadas - quando bolaram o slogan nacional, "movidos à natureza" (powered by nature, como aparece, assim mesmo em inglês, em todos os cantos).
O Peru, do lado de baixo do equador, também reverencia a natureza, com sede e sofreguidão, mas nem por isso deixa de ser castigado por ela.
O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado de Goiás (STIUEG) teve seu início no ano de 1949, com a criação da Associação dos Funcionários da CELG. O segundo passo importante dessa história foi dado com a extensão de base para a Associação dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado de Goiás...
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