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Saneago diminui nível do lago do João Leite para evitar erosão

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15/07/2010
Malu Longo


Monitoramento feito pela Saneamento de Goiás S.A. (Saneago) revelou que há risco de erosão em um trecho da BR-060, onde chega o lago formado pela Barragem do Ribeirão João Leite. A empresa teve de diminuir o nível do lago para construir uma proteção no aterro da rodovia, na altura do Parque Estadual Altamiro de Moura Pacheco, entre Goiânia e Anápolis.


O lago, que já tinha atingido a cota 744 metros acima do nível do mar - 60% do volume total -, deverá retornar até a cota 740 em alguns pontos. O recuo já atingiu cerca de 60 metros em relação à margem e pode ser notado por quem passa pela rodovia. A Saneago diz que a intervenção, que prevê cobrir com pedras os pontos mais vulneráveis do aterro da GO-060, é uma medida preventiva por decisão da empresa e não uma exigência do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), órgão responsável pela manutenção da rodovia.


Conforme o diretor de Engenharia da empresa, Mário João, quando o vento bate na água do lago pode provocar marolas e estas, ao atingir o aterro da rodovia, pode desencadear erosões. O POPULAR apurou que o lago, previsto para atravessar a rodovia em cinco pontos, já atingiu dois deles com apenas 60% do volume de água. O monitoramento realizado desde que as comportas foram fechadas, no dia 11 de dezembro do ano passado, mostrou o risco de erosão no aterro da rodovia, que foi duplicada entre Goiânia e Anápolis no início da década de 1980. As obras da barragem tiveram início em 2002 e sofreram um atraso de cinco anos.
Há alguns dias, uma equipe trabalha entre as duas pistas da GO-060, na altura do quilômetro 127, realizando o monitoramento do solo. O objetivo é verificar as condições de umidificação e se o solo sustenta a pressão da água. O assunto é tratado com cuidado pela Saneago. "Temos que testar a barragem e até agora está tudo dando certo", afirma Caio Gusmão, engenheiro fiscal das obras.


Água
Apesar de confirmar a realização da obra, o diretor de Engenharia da Saneago, Mário João garante que o recuo do reservatório não está associado a ela. "Tivemos que soltar mais para melhorar a qualidade da água bruta no ponto de captação", explica. A medida, entre outras, visa solucionar o problema de turbidez da água fornecida pela Saneago em vários pontos da capital que provocou muitas reclamações de usuários. Mário João explica ainda que a evaporação é normal neste período de estiagem.

As obras de proteção do aterro devem começar no final deste mês com conclusão prevista em um prazo de até 90 dias. A assessoria de imprensa do Dnit informou ao POPULAR que todas as especificações técnicas da rodovia foram repassadas para a Saneago para que sejam incluídas no projeto de construção da barragem. Mário João afirma que o plano diretor foi realizado na década de 90 por especialistas.


O diretor de Engenharia da Saneago garante que a obra de proteção do aterro já estava programada antes mesmo do início do enchimento do reservatório e alega que houve atraso na licitação porque não houve interessados quando o edital foi publicado pela primeira vez.

Parque não tem data para reabrir

Fechado para visitas desde maio do ano passado, o Parque Estadual Altamiro de Moura Pacheco não tem data para reabrir. De acordo com a gerência de Áreas Protegidas da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), para que o parque volte a receber visitantes é necessário aguardar o enchimento total do reservatório da barragem do João Leite tendo em vista a movimentação da fauna. Quando foi fechado, o parque recebia, em média, mil visitante por semana.


O maior temor dos administradores do parque são os animais peçonhentos, principalmente cobras, encontradas em grande quantidade na área. Com a subida da água no terreno do reservatório, a tendência dos animais é buscar o parque ou fazendas próximas. "Além de em maior número, os animais estão estressados porque estão sendo expulsos de seu habitat natural", afirma Cláudio Adriano da Costa, gerente de Áreas Protegidas da Semarh.


Desde que o lago começou a ser formado e sem a presença dos visitantes costumeiros, os funcionários do parque têm se ocupado dos informais. São famílias ou grupos de amigos que invadem a área para acessar o reservatório e fazer churrasco ou pescar, uma realidade mostrada pelo POPULAR em maio deste ano. "Tiramos pelo menos 80 pessoas daqui por semana", afirma o supervisor do parque, Marcos Antônio da Cunha. Diariamente, ele, funcionários e homens do Batalhão Florestal da Polícia Militar se revezam na ronda nos 914 alqueires do parque.


Promotora do Ministério Público Estadual, da área do Meio Ambiente, Marta Morya está preocupada com a situação do lago. "Não está boa, não". Ela recebeu várias denúncias do Batalhão Florestal sobre as invasões à área do reservatório. Marta Morya, que não sabia da obra de proteção do aterro, se mostrou surpresa sobre o recuo do reservatório.


Fonte: Jornal O Popular

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