PERFIL: Nicomedes Domingos Borges 57 anos Advogado formado pela Universidade Federal de Uberlândia, em Minas, já ocupou o cargo de presidente da Transurb e está à frente da Saneago desde 2006.
Depois de um período de dificuldades financeiras, a Saneago hoje é uma empresa que dá lucro. A afirmação é do presidente da empresa, Nicomedes Borges, em resposta a leitores que participaram do Face a Face desta semana. Segundo ele, hoje a Saneago tem investimentos de mais de R$ 1 bilhão em várias obras em Goiás. Ainda assim, Nicomedes admite que é impossível levar o serviço de esgoto para todos os moradores do Estado em curto ou médio prazos. Também diz que não tem preconceito em relação a parcerias com a iniciativa privada, desde que as PPPs não signifiquem aumento na tarifa. Por fim, o presidente da Saneago garante que não há planos para privatização da empresa no governo Alcides Rodrigues.
(Paulo Ferreira de Oliveira) - Sou morador da Vila Olavo, em Jataí, e nosso bairro, assim como boa parte da cidade, não dispõe de uma rede de esgoto, obrigando os moradores a utilizarem fossas. Já procuramos a Saneago e até agora nada foi feito. Quando essa situação vai mudar?Esgoto não é uma coisa que se faz de uma vez, se faz por etapas. A média nacional hoje de atendimento esgoto está em torno de 40%, em Jataí 53% da população é atendida por esgoto, bem acima da média. Água temos praticamente 100% dos moradores atendidos. Com certeza chegaremos a 100% (da população atendida por esgoto), mas com o tempo, sem precipitação, porque se quiser fazer o esgoto tudo ao mesmo tempo, o impacto disso será uma tarifa bem alta. Os projetos estão adiantados, estamos em busca de recursos, tanto no PAC 2 quanto em linhas de financiamento do BNDES.
(Amanda Costa) - Em Uruaçu a poluição do Rio Passa Três, fonte de captação da saneago, tem trazido diversos problemas. O que a Saneago tem feito para contornar este problema e quando a população poderá contar com água de melhor qualidade? Acho louvável esta preocupação, mas não se preocupe, porque a água consumida em Uruaçu é de excelente qualidade. A questão da poluição do manancial simplesmente torna mais caro o tratamento, mas mantemos a mesma qualidade. A Saneago tem uma gerência de proteção aos mananciais que atua diuturnamente, orientando os órgãos responsáveis. Os órgãos ambientais é que têm a responsabilidade de fiscalizar. A Saneago não tem poder de polícia quanto a isso, só tem o poder e a obrigação de orientar. E nós temos feito isso de uma forma muito boa. Estamos investindo agora R$ 200 milhões em uma Estação de Tratamento de Esgoto, uma obra que convido a população de Uruaçu a visitá-la.
(Pedro Gomes) - Porangatu e Niquelândia, cidades de grande importância na região Norte, não possuem rede de esgoto e há anos os projetos de implantação não saem do papel. Por que a Saneago não tem interesse em regularizar esta realidade? Existe um equívoco do leitor. Porangatu está bem servida em serviço de esgoto, nós temos uma obra lá em andamento muito grande, com recursos do BNDES. E Niquelândia estamos investindo desde o ano passado na ordem de R$ 200 milhões em rede de esgoto.
(Adilson Carvalho) - A prefeitura de Jataí renovou um contrato de prestação de serviço com a Saneago em 2006, onde a empresa se comprometia a iniciar no ano seguinte as obras de um reservatório de água e a rede de esgoto. O assunto já chegou inclusive a ser tratado junto ao Ministério Público. Quando a Saneago assumirá o compromisso firmado?
Já assumimos. Estamos em Jataí com a obra de água andando e também a obra de esgoto em construção.
(Glória Drummond) - A Saneago é uma empresa que dá lucro? Por que se fala em privatização da Saneago? Há um plano para a reutilização de água, com princípios de sustentabilidade?
Os balanços dos últimos anos da Saneago foram positivos. É uma empresa que gera lucro, sim. É uma empresa que passou por grandes dificuldades e melhorou sensivelmente e está pronta para crescer. Nos quatro anos em que estive à frente da Saneago, jamais pensou-se em privatização. Quanto à reutilização de água, não existe nenhum projeto neste sentido.
(Viviane Borges) - Bairros da região norte de Rio Verde sofrem corriqueiramente com a falta de água. A empresa possui algum plano para coibir essa falha?
Em Rio Verde temos 100% da cidade atendida. Já tivemos um acidente no Distrito Agroindustrial, uma empresa teve um acidente e poluiu o manancial, aí paramos a captação. Então, acredito que isso é apenas uma coisa pontual.
(Roberta Giacomoni) - Em Valparaíso, os moradores do setores de chácaras Anhanguera e ABC vivem com a falta de água. Existe algum projeto para a região?
O Entorno de Brasília é uma região difícil, por conta de mananciais. Quase todo atendimento é feito por meio de poços artesianos, que não é muito confiável, porque de uma hora para outra ele perde a vazão. Contudo, no Entorno Sul, região de Luziânia, a Saneago está fazendo uma grande obra. A água vai ser captada na Usina Corumba IV, vai ser levada para Luziânia, ali ela vai ser tratada e distribuída para as quatro maiores cidades do entorno Sul, chegando no Jardim ABC, no Faiçalville, enfim, é uma obra gigantesca que vai resolver de vez o abastecimento no Entorno sul.
(Gonçalo Fontes) - A rede de água e de esgoto em Luziânia se restringe apenas ao centro. Existe alguma previsão para ampliação para bairros mais afastados e principalmente o Distrito do Jardim Ingá?
Não só previsão como a obra já está em andamento. E uma superobra. Ela fica em R$ 260 milhões, a Saneago está investindo R$ 130 (milhões) e a Caesb mais R$ 130 (milhões). Essa água vai ficar metade para a Saneago e a outra metade vai para Brasília, para atender a população do Distrito Federal.
(Antônio Coelho) - Sou morador do Parque Esplanada, em Valparaíso. Por que tem dia que tem água em casa, outros não? A Saneago continua fazendo rodízio nos bairros em Valparaíso para atender a demanda?
Às vezes, de forma pontual, pode faltar água. É um acidente, um poço que diminui vazão, mas no geral (o município) está bem atendido. Não existe este rodízio.
(Fernando Pereira) - Há algum risco de a Saneago ficar na mesma situação da Celg? Qual a situação financeira da empresa hoje? Quais os investimentos ela pretende fazer no próximo período? A Saneago é uma outra realidade, bem diferente da Celg. A situação financeira da Saneago é boa, tem grandes investimentos em Goiás. Pra você ter ideia, nos últimos anos a Saneago investiu, só em Goiânia, R$ 320 milhões. Ela tem R$ 673 milhões contratados somente para serviços em Goiânia, e outros investimentos que somam R$ 1,2 bilhão em andamento no Estado inteiro.
(Eraldo Stails) - De duas uma: ou o serviço público encara o problema de frente ou desiste de vez, porque buscar parcerias público-privadas não resolve o problema, uma vez que a raiz está na gestão. Terceirizar sem cobrar a mesma qualidade que o Estado deveria oferecer não irá mudar nada. O problema é que não há ninguém no setor público que seja capaz de assumir que é preciso mais do que dinheiro para oferecer um serviço à comunidade com qualidade.
É importante esclarecer que eu não tenho nenhum preconceito quanto à forma de investimento que poderá levar um beneficio à população. O destinatário final do beneficio é o povo, e o povo não quer saber se o dinheiro é publico ou se é privado, ele quer saber se vai receber o benefício, no caso água e esgoto. Tem de ser de boa qualidade o serviço prestado e num preço que todos podem pagar. A partir dessa premissa, acho que não importa se o dinheiro é publico ou se é privado. Ele (o leitor) tem razão quando fala de gestão - se o dinheiro for bem gerido, tanto faz se for público ou privado, o destinatário final, que é o povo, vai receber o benefício e pagará um preço justo.
(Valdimar de Oliveira Guimarães Antes) - Vejo essa manobra de alguns prefeitos de municipalização do saneamento com segundas intenções. Em Senador Canedo, onde o serviço é municipalizado, ele é de péssima qualidade. Quais são as medidas que o senhor está tomando para conter esse avanço das parcerias público-privadas em nosso Estado? O governador Alcides tem alguma proposta de investimento para que a Saneago reaja a essa ameaça iminente de municipalização? Não concordo quando ele (o leitor) diz que há uma ameaça iminente de municipalização. Eu recebi esta semana a visita de cinco prefeitos e o objetivo é que fosse discutido a possibilidade de universalização do serviço de esgoto nos municípios deles. O que eles colocavam é que se a Saneago não estiver em condições de fazer o investimento, poderia-se pensar numa parceria-publico privada para que fosse universalizado o serviço. Não tenho nenhum preconceito quanto a discutir esse assunto, agora, nem eu, nem o governador Alcides, teríamos a coragem de fazer uma parceria publico-privada para universalizar esgoto em cidades de grande porte se isso implicar em aumento de tarifa.
(Beatriz Tardelli) - Este ano o senhor deixará a presidência da Saneago então. Por que o seu interesse em entregar a empresa, que envolve saúde pública, para a iniciativa privada? Por que privatizar o setor sabendo que a população irá pagar muito caro por isso e o Estado acabará arcando com o ônus desta parc.eria que, no Brasil, sabemos ser falida? Por que insistir nesta loucura sabendo que as empresas privadas não levarão água e esgoto às populações mais pobres, que são a maioria, sem que paguem "caro" por isso? Não é um retrocesso?
Não sei de onde a Beatriz Tardelli tirou essa ideia de que eu estou insistindo em passar a Saneago para a iniciativa privada. Eu jamais disse em qualquer isso, acho que ela esta fazendo um exercício de suposição. Muito pelo contrário, a Saneago, enquanto for o governador Alcides Rodrigues, não será privatizada. O que não impede que possa ser feito um estudo no sentido de buscar recurso e parceria de iniciativa privada.
Fonte: Jornal O Popular
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O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado de Goiás (STIUEG) teve seu início no ano de 1949,
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