10/05/2010
Vinicius Jorge Sassine
A situação do saneamento básico em Aparecida de Goiânia – semelhante à de décadas atrás – motivou um pedido especial da médica de Lorraine, de 2 anos, à mãe da menina, a dona de casa Mirian Vasconcelos de Araújo, de 27. Ao perceber os problemas de saúde de Lorraine, a médica solicitou que a mãe passasse a comprar somente água mineral. No Setor Buriti Sereno, em Aparecida de Goiânia, onde mãe e filha vivem, não há asfalto na rua, coleta de esgoto e, pior, não existe água canalizada e tratada. “Faz muita falta água encanada”, reclama Mirian.
Uma cisterna cavada no fundo da casa garante a água do banho, para o cozimento dos alimentos e para lavar roupas. Em busca de água com um mínimo de qualidade, o buraco da cisterna já aumentou de tamanho por seis vezes. Nos períodos sem chuva, a cisterna seca. “Como minha filha está proibida de tomar água da torneira, passei a comprar a água mineral que a médica pediu”, diz Mirian. No Buriti Sereno, as fossas ocupam as calçadas, sem previsão de um dia deixarem de compor aquele cenário.
Pesquisa confirma retrocesso
A Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), confirma o retrocesso da cobertura de saneamento em Goiás. Em 2003, 37% dos goianos tinham acesso à coleta de esgoto ou à fossa séptica, recomendada para municípios com menos de 10 mil habitantes. Cinco anos depois, caiu para 36,2% (veja o quadro).
Isso significa que a cobertura da coleta de esgoto não acompanhou o crescimento populacional. Mais pessoas tiveram acesso à água tratada, mas ainda é elevada a quantidade de casas sem água canalizada. Dois em cada dez goianos não têm acesso à água tratada, segundo a Pnad de 2008.
Em Aparecida de Goiânia, as chances de não ter acesso à água e ao esgoto são ainda maiores. “Nos recusamos a ser os donos do problema (de saneamento básico) em Aparecida de Goiânia e no Entorno do Distrito Federal”, afirma o diretor de Engenharia da Saneamento de Goiás S.A. (Saneago), Mário João de Souza, que considera a expansão desordenada nas duas regiões as razões dos problemas de saneamento básico.
Fonte: Jornal O Popular
Fonte: Jornal O Popular
