Vinícius Jorge Sassine
Cavalcante, no extremo nordeste goiano, é o fim da linha. Enquanto, em média, os goianos ficam 25 horas sem energia elétrica durante o ano, os goianos de Cavalcante já chegaram a ficar mais de 93 horas no escuro ao longo de um ano. Acostumados ao isolamento, os moradores se habituaram também aos blecautes.
“A falta de qualidade no serviço de energia elétrica tem sido um grande adversário no objetivo de atrair empresas capazes de fomentar o desenvolvimento regional”, argumentou a promotora de Justiça da cidade, Úrsula Catarina, numa ação civil pública movida contra a Companhia Energética de Goiás (Celg), ainda em 2004.
Seis anos depois, a realidade é exatamente a mesma, mas há uma movimentação de grandes grupos econômicos em Cavalcante e em cidades com o mesmo nível de isolamento no extremo nordeste, de uma forma que a região – a mais pobre de Goiás – ainda não havia experimentado. De olho nas características hidrográficas ofertadas pelo Cerrado e na própria carência de energia, investidores enxergaram um filão de negócios.
Seis pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) já geram energia no nordeste goiano e outros empreendimentos estão na fila. Eles esperam da Celg – em muitos casos sem resposta alguma – a autorização para se conectarem à rede de distribuição e transmissão.
Em Cavalcante, a Celg não consegue ofertar a energia necessária, nem incorporar ao seu sistema os megawatts que novas PCHs querem gerar.
É a tradução extrema da realidade energética em Goiás: o Estado concentra os principais projetos de usinas hidrelétricas, de PCHs e de termelétricas movidas pelo bagaço da cana-de-açúcar – matéria-prima resultante da produção do etanol –, mas não tem linhas de transmissão, subestações e rede básica suficientes para transmitir e distribuir essa nova energia.
O resultado é o atraso do desenvolvimento econômico, dependente nesse caso, como nunca, de infraestrutura.
No último Plano Decenal de Energia (PDE), elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) para o período entre 2008 e 2017, 15 usinas hidrelétricas estavam planejadas para Goiás, o Estado que mais irá receber empreendimentos hidrelétricos no País. Um levantamento do POPULAR mostra que esse número pode ser ainda maior.
Tramitam na Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) 14 projetos de hidrelétricas, cuja licença ambiental é responsabilidade exclusiva do Estado. Há, ainda, os projetos avaliados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). São os casos das controversas usinas previstas para o Rio Araguaia – Torixoréu e Couto Magalhães, na área de Goiás –, que totalizam mais de 550 megawatts em geração de energia (veja o quadro).
Se todos esses projetos saírem do papel, a quantidade de hidrelétricas no Estado vai triplicar. É a mesma aposta para as PCHs, que geram até 30 megawatts de energia cada.
Trinta novas usinas aguardam a emissão de licença pela Semarh, em diferentes regiões do Estado. Com as 14 PCHs existentes, Goiás já é o quarto Estado com a maior quantidade de PCHs no País.
Hidráulica
Somam-se a esses projetos de energia hidráulica de 39 novas termelétricas, movidas pelo bagaço da cana. Uma projeção feita pelo Sindicato da Indústria de Fabricação de Álcool de Goiás (Sifaeg) mostra que 39 usinas de álcool vão vender energia elétrica até 2015.
O montante projetado é de aproximadamente 2,1 mil megawatts. “É mais do que a Celg transmite hoje”, afirma o presidente do Sifaeg, André Luiz Baptista Linz Rocha.
Fonte: Jornal O Popular
O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado de Goiás (STIUEG) teve seu início no ano de 1949, com a criação da Associação dos Funcionários da CELG. O segundo passo importante dessa história foi dado com a extensão de base para a Associação dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado de Goiás...
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