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Municípios sob ameaça de apagão

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05/04/2010

Vinícius Sassine

A incapacidade da Companhia Energética de Goiás (Celg) de expandir a oferta de energia representa um risco real de apagão para oito regiões do Estado, que englobam 35 municípios. Essas cidades – 14,2% dos 246 municípios goianos – chegaram ao limite do consumo e já não suportam novas cargas de eletricidade para indústrias, empreendimentos da agricultura irrigada e para as próprias residências e comércio locais.

A pedido do POPULAR, a Celg fez o levantamento das cidades que mais vêm sofrendo com os efeitos da crise financeira da estatal (veja o quadro). São regiões altamente industrializadas ou dependentes da agricultura irrigada, com demandas crescentes por energia para novos empreendimentos. Essas cidades – que já enfrentam apagões frequentes – precisam com urgência de novos transformadores, subestações e linhas de transmissão, cujas obras devem ser concluídas até o fim de 2011, conforme promessa da Celg.

O POPULAR mostrou no último domingo as dificuldades que a Celg vem enfrentando para concluir 11 das 12 novas linhas de transmissão e 22 das 29 subestações previstas para o Estado. Por causa do endividamento bilionário (são quase R$ 6 bilhões em dívidas), a companhia não consegue expandir a oferta de energia, o que provoca represamento de novos empreendimentos e trava o desenvolvimento econômico em Goiás.

Toda a região de Catalão corre risco de apagão, segundo o levantamento da Celg. A unidade da Mitsubishi no município enfrenta dificuldades para expandir a produção, por causa do déficit de energia. A Copebrás e a Ultrafértil, também instaladas no município, decidiram não esperar pelo Estado. Fabricantes de fosfato e fertilizante, as empresas vão construir uma linha de transmissão e uma subestação, em parceria com a Celg.

“A gente não está parado por causa dessa parceria. Isso vai favorecer a cidade, que está com um grande problema de energia”, afirma o gerente jurídico da Copebrás, Rodolfo Luís Xavier. “Não tem como fazer novos investimentos se não existir energia.”

A expectativa é que as obras sejam concluídas até o fim deste ano. “A cidade tem reclamado muito de blecautes. Nós não podíamos esperar mais”, diz Rodolfo.

Em Mineiros, enquanto um novo transformador e uma nova subestação não começarem a funcionar, a indústria e a agricultura permanecem estacionadas. Conforme informações da própria Celg, o Frigorífico Marfrig e a indústria de alimentos Perdigão intencionam expandir as fábricas instaladas na cidade, o que não é feito por faltar energia. A Brenco teria adiado projetos de geração de energia a partir do bagaço de cana por causa da impossibilidade de transmissão dessa eletricidade, segundo a Celg.

A falta de energia em Crixás obrigou a Mineração Serra Grande a construir uma linha de transmissão na cidade, em parceria com a Celg. O dinheiro investido será descontado da conta de energia.

Também estão no limite as regiões de Paraúna e Itaberaí e as cidades de Cristalina, Cachoeira Alta, Paranaiguara e Niquelândia. Fábricas de cimento, indústrias da mineração e projetos de irrigação aguardam a expansão da oferta de eletricidade.

Para o vice-presidente da Federação das Indústrias de Goiás (Fieg), Pedro Alves de Oliveira, essa expansão é um “problema emergencial”, diante das perspectivas de crescimento da economia em Goiás. “Projetos de investimento estão parados à espera das obras de infraestrutura. São principalmente indústrias de mineração e de alimentos.”

Vista pelo governo estadual como a solução para a crise da Celg, inclusive para a retomada dos investimentos em expansão de energia, a venda de 41,08% das ações da companhia para a Eletrobras foi aprovada em primeira e segunda votação pela Assembleia Legislativa, na terça e na quarta-feiras. A aprovação foi unânime na Casa, depois do adiamento da votação e de uma intensa disputa política entre os deputados aliados dos principais responsáveis pela dívida bilionária da Celg.

Fonte: O Popular

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