Núbia Lôbo
Citando exemplos como o do Piauí, onde a Eletrobras investiu R$ 1 bilhão de recursos no ano passado por meio de convênios com a empresa de energia elétrica do Estado, o presidente da Eletrobras, José Muniz Lopes, tentou mostrar para os deputados que o visitaram ontem em Brasília a importância da urgência em aprovar o projeto que autoriza o acordo para a recuperação da estatal. O presidente afirmou que preferia investir os recursos em outros projetos. A seguir os principais trechos da entrevista.
A negociação com a Celg dará prejuízo para a Eletrobras?
Nós não estamos preocupados com dar lucro. Não vai dar é prejuízo. O lucro que nós queremos é que a sociedade de Goiás conte com uma empresa saudável. Isso aqui para nós é senso de missão, é encargo, não é vontade. Não podemos perder dinheiro, não vamos perder.
E se o projeto que tramita na Assembleia autorizando a venda das ações para a Eletrobras não for aprovado até o dia 30?
Cada dia que posterga essa negociação é de um prejuízo imenso para quem? Para Goiás. Olhando sobre a ótica da Eletrobras, isso está sendo um esforço muito grande para nós nesse momento.
Há possibilidade de convocar reunião extraordinária do Conselho da Eletrobras para apreciar o acordo?
A reunião do Conselho acontece de 30 em 30 dias, em regra. Os conselheiros são muito ocupados (ministros, diretor do BNDES, diretor do Tesouro Nacional). Não é fácil juntar esse pessoal e tem de ter quórum qualificado para votação. E cada dia que passa é sangrando. A tarifa está congelada. E continuará mais um dia, mais um dia e mais um. E esse é só um ponto específico. Cada dia que passa, é aumento do prejuízo.
Há riscos de perder os recursos da Reserva Global de Revisão (RGR) se houver demora na autorização Legislativa para o acordo?
Isso sempre ocorre, porque são recursos que atendem programas como o Luz para Todos. Os recursos são poucos, a demanda é grande.
Com o acordo, quem vai mandar na Celg?
Quem vai mandar na Celg é a Eletrobras. Nós vamos indicar o vice-presidente executivo e a diretoria toda. Mandar não significa fazer o que quer. Nós temos de prestar contas aos acionistas. É preciso que haja um entendimento. No dia a dia, quem manda... (é a Eletrobras). Mas se o presidente (indicado pelo governo do Estado) não assinar, não tem decisão. Eu acho importante para o Estado ter uma participação ativa no sentido de verificar se o que a Eletrobras está fazendo está indo de encontro com os interesses da sociedade de Goiás.
Quanto tempo se leva para efetivar o acordo depois de aprovado pelo Conselho da Eletrobras?
Com a responsabilidade entregue, vamos tentar tocar o mais rápido possível. Mas depois de aprovado, já teremos o marco zero, poderemos começar a trabalhar. Será preciso ainda uma medida provisória do presidente (Luiz Inácio) Lula (da Silva) para utilizar os recursos da RGR. É uma autorização especial que o presidente está dando. Eu estava lutando há tanto tempo para pegar esse dinheiro e botar na Usina de Angra 3, não consegui. Goiás conseguiu. O presidente Lula está dando um prêmio. Na verdade, um prêmio não, ele está reconhecendo a importância disso para o Estado.
A Celg será inserida na holding criada pelo governo federal com objetivo de transformar a Eletrobras na Petrobras do setor elétrico?
Não. Das outras empresas de distribuição (que estão sendo incluídas), a Eletrobras é dona integral e estamos colocando inclusive nosso nome. No caso da Celg, somos minoritários. Teremos uma diretoria sediada em Goiânia para cuidar especificamente da Celg.
Fonte: O Popular