Fabiana Pulcineli
Em reação ao adiamento da votação do projeto que autoriza a venda de ações da Celg na Assembleia Legislativa, o governador Alcides Rodrigues (PP) convocou ontem representantes da sociedade organizada para fazer o alerta de que, se houver demora na tramitação, o acerto com o governo federal não será fechado este ano. Ele ressaltou ainda o risco de haver intervenção na companhia.
“A Celg tem tempo de ser socorrida. É igual a um paciente que, se não tomar o remédio na hora certa e na dosagem certa, pode vir a falecer
”, disse em entrevista, após a reunião no 10º andar do Palácio Pedro Ludovico Teixeira.
Diante dos apelos do governador e do secretário da Fazenda, Jorcelino Braga (PP), os presentes à reunião decidiram divulgar um manifesto em que solicitam agilidade na solução do caso Celg. O documento foi assinado por 28 autoridades, incluindo representantes do Tribunal de Justiça, Ministério Público, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-GO) e Associação Goiana dos Municípios.
Alcides reclamou de objetivos políticos na decisão da Assembleia. “Estão colocando politicalha em assunto muito sério de Estado”, afirmou o governador, bastante irritado com a derrota na Casa. "Os senhores parlamentares estão subavaliando os problemas irreversíveis que isso causará.”
A manobra para adiar a votação foi comandada pelo líder do PSDB na Casa, Jardel Sebba, que propôs a realização de duas audiências públicas antes da votação do projeto e contou com apoio do PMDB para aprovação. Peemedebistas já haviam manifestado intenção de fazer oposição na Assembleia depois que o governador descartou a possibilidade de apoiar a candidatura do prefeito de Goiânia, Iris Rezende (PMDB), ao governo do Estado.
Embora tenha criticado o envolvimento de questões políticas, o governador evitou fazer críticas ao PSDB e ao PMDB. “Não quero fazer nenhuma conjectura com relação à ação deste ou daquele parlamentar ou partido. O que interessa, neste momento, é resolver a situação.”
Técnicos da Eletrobrás entraram em contato com o governador durante a reunião. Segundo a Secretaria da Fazenda, o acerto com o governo federal seria fechado ainda este semestre se a votação do projeto ocorresse esta semana. A previsão era que, após a autorização da Assembleia, a proposta de venda das ações entrasse em pauta de votação no Conselho de Administração da Eletrobrás, na última semana de março. Depois disso, ainda serão necessárias autorizações legislativas ao governo federal, prazo para contratação e liberação de recursos e reunião de acionistas.
O presidente da Central de Compras da Sefaz, Einstein Paniago, que participa das negociações com a Eletrobrás, disse que, se o acordo não entrar na pauta do Conselho no fim do mês, não há previsão para voltar a ser discutido. “Aí isso ficaria para o fim do ano. O governo federal também não pode ficar segurando cerca de R$ 4 bilhões. Ou seja, com o atraso, dificilmente será aprovado este ano”, explicou.
À tarde, o presidente da Assembleia, Helder Valin (PSDB), deu entrevista em que descartou a possibilidade de recuo.
Fonte: Jornal O Popular