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PSDB e PMDB se unem e adiam votação de projeto da Celg

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17/03/2010

Erica Lettry

A estratégia do PSDB de protelar a votação do projeto de venda de 41,08% das ações da Celg para a Eletrobrás na Assembleia ganhou ontem o apoio do PMDB. Juntos, os dois maiores partidos da Casa, com 20 deputados, obrigaram o líder do Governo, Evandro Magal (PP), a aceitar a realização de audiências públicas para discutir o projeto do governador Alcides Rodrigues (PP).

PMDB e PSDB votaram favoravelmente ao requerimento do líder dos tucanos, Jardel Sebba, para devolver o relatório do projeto apenas depois da realização de duas audiências públicas. A reação na bancada peemedebista ocorreu um dia após reportagem do POPULAR mostrar movimentação do partido para retaliar a negativa de Alcides à proposta de aliança eleitoral feita pelo prefeito Iris Rezende (leia mais ao lado).

Explicação

A justificativa para as audiências foi a de e que segmentos como Ministério Público de Goiás (MP-GO), Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) queriam conhecer a matéria.

O requerimento, feito durante reunião da Comissão Mista, pode adiar a devolução do relatório até dia 8 de abril – data da última audiência marcada pelo líder. Neste dia pretende-se ouvir representantes do BNDES e da Eletrobrás. A outra audiência deve ocorrer no dia 25 deste mês.

Dos deputados presentes na Comissão, apenas sete votaram contrariamente ao requerimento de Jardel: Misael Oliveira (PDT), Cilene Guimarães (PR), Mauro Rubem (PT), Vanuza Valadares (PSC), Isaura Lemos (PDT), Betinha Tejota (PSB) e Magal.

A votação foi motivo de bate-boca. Após Jardel fazer o pedido, Magal pediu ao presidente da comissão, Fabio Sousa (PSDB), que suspendesse a sessão por dez minutos. Jardel propôs que o pedido fosse votado. A concordância de Sousa provocou a reação dos governistas.

Luis Cesar Bueno (PT) acusou Fabio de ignorar o regimento e a cultura da Casa de dar um tempo para as lideranças conversarem com os deputados antes das votações. “As lideranças em qualquer momento podem pedir para suspender a sessão”, afirmou.

Betinha também pediu para o tucano se ater ao regimento, para que os líderes pudessem orientar os votos. Apesar dos apelos, Fabio colocou o projeto em votação e as bancadas do PSDB e do PMDB votaram contra a suspensão. Fabio disse ter cumprido o regimento. “Fui democrático. Coloquei o plenário para decidir, mesmo não tendo necessidade de fazê-lo”, afirmou.

Sem a suspensão da sessão, o esforço do governo foi para tentar convencer os deputados durante o encaminhamento de votos. O presidente da Central de Compras da Secretaria da Fazenda, Einstein Paniago, chegou a conversar, sem sucesso, com alguns deputados, entre eles representantes do PMDB.

Em seu discurso de encaminhamento de voto, Magal alfinetou o PSDB e lembrou que o partido já havia discutido amplamente a venda de ações da Celg, já que houve tentativa de privatizá-la durante a gestão de Marconi Perillo (PSDB). “Jamais esperei que os parlamentares tivessem esse comportamento. Será um crime adiar tanto assim essa matéria. Isso vai custar caro ao Estado. Faço apelo para que não deixemos a Celg ser assassinada”, discursou. “Semana que vem ou em 20 dias pode ser muito tarde para a votação”, assegurou Magal.

Isaura disse aos parlamentares que será difícil explicar às suas bases eleitorais as razões do adiamento do projeto. “Quero saber como explicar que o programa Luz para Todos não vai chegar porque a Assembleia não vota a matéria. As bases estão cobrando e vocês fazem tudo para essa matéria não ser efetivada.”
Antes da votação do requerimento, o peemedebista Wagner Guimarães chegou a pedir que o projeto não fosse adiado, mas afirmou que iria seguir a bancada. A obstrução da votação ocorreu logo após reunião da bancada com o presidente do PMDB, Adib Elias.

Mas o deputado José Nelto nega que houve conversa para a sigla caminhar de volta à oposição. “O PMDB não teve mudança nenhuma. O que a gente não abre mão é de trazer representantes da Eletrobrás para debater o projeto. Nossa postura é de responsabilidade. O Adib pediu reflexão na matéria e que houvesse audiências públicas”, garantiu. “Não tem nada a ver com política”, reforçou Nelto.

Após a aprovação do requerimento, Jardel comemorou o resultado. “Não vejo problema em adiar. Ninguém pode ser contra discussões. O problema é que o governo não está acostumado a ser contrariado”, avaliou. O tucano também considerou decisivo o apoio do PMDB ao seu requerimento. “A participação do PMDB foi vital. O partido teve sensibilidade de ver que o projeto precisa ser mais discutido”, elogiou. Magal tentou negociar a realização das audiências até 25 de março. Jardel disse que não recuará.

Fonte: O Popular

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