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Presidente do grupo que comprou cachoeira Dourada informou que não comparecerá.

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18/02/2010

 Erica Lettry

A CPI da Celg deve encerrar hoje a fase de depoimentos com ao menos uma ausência: a da Endesa Engenharia, grupo que comprou a Usina Hidrelétrica de Cachoeira Dourada. A empresa enviou um fax ontem à comissão informando que seu presidente, Guilherme Lancastre, não iria depor. O presidente da CPI, Helio de Sousa (DEM), planeja pedir o indiciamento da empresa e afirmou que vai recomendar ao Ministério Público de Goiás (MP-GO) que tome as providências legais.

“Uma empresa que foi a mais beneficiada em todas as causas do endividamento, acreditar que há outro evento que tenha prioridade é um descaso. Orientei a assessoria jurídica para que não seja feita nova convocação. Não vindo, a CPI vai tomar as devidas providências”, afirmou.

DepoimentosOntem a CPI ouviu os depoimentos de três prestadores de serviço da estatal. Para o relator da comissão, Humberto Aidar (PT), esses depoimentos não estão ajudando as investigações como se esperava. “Ninguém vem aqui para falar mal de si próprio. Mas existem denúncias, e temos de ouvir todas as partes”, disse.

Já para Helio de Sousa, os depoimentos têm ajudado a detectar situações rotineiras e prejudiciais à estatal no que se refere aos contratos. Ele cita os contratos com aditivos de até 25%, permitidos pela legislação mas, segundo apontam as investigações, usados com muita frequência pelas empresas terceirizadas. “É importante ouvirmos as empresas porque percebemos que elas têm muito em comum. No caso dos contratos, elas aproveitam a exceção para fazerem a regra. Tem muito casuísmo”, avalia.

Ouvido ontem pela comissão, o diretor-presidente da TC Engenharia, Tuller Barbosa, afirmou ter contratos com aditivos de até 25% na empresa para serviços de manutenção da rede elétrica. De acordo com o deputado José Nelto (PMDB), que analisou os contratos da TC Engenharia, todos os contratos feitos pela empresa ao longo de mais de dez anos foram aditivados. “Esse aditivo está na lei e pode ser usado”, justificou-se Tuller Barbosa.

A TC Engenharia teve um dos primeiros contratos com a Celg assinado em 2 de dezembro de 1997, por meio de dispensa de licitação, quando era presidente da estatal o engenheiro José Francisco das Neves, o Juquinha. Ontem, ao ser questionado por José Nelto, Tuller Barbosa confirmou que é sobrinho de Juquinha das Neves.

Mas para Humberto Aidar o fato de os dois terem parentesco não é crime, mas sugere tráfico de influência. “Isso a Justiça pode, de posse das informações que temos, investigar”, ponderou. Nelto também suspeita de favorecimento e sugere que Juquinha das Neves, assim como outros ex-presidentes, volte a depor na Celg – ideia descartada pelo presidente da comissão. A CPI encerra os depoimentos sem ouvir os ex-governadores do Estado.

Lucro pequenoNo depoimento, Tuller Barbosa afirmou que o lucro que a empresa tem prestando serviços para a Celg é pequeno, e que por conta disso tem evitado os contratos com ela. “Hoje a política da minha empresa é não prestar serviços para a Celg, porque não está compensando”, garantiu.

O diretor informou aos deputados que tem três caminhões que prestam serviço à Celg, sendo dois em Rio Verde e um em Jataí. Os valores do contrato somam aproximadamente R$ 130 mil.

“Se é que está dando lucro, esse valor chega a aproximadamente 5% do total. Mas isso depende da demanda por serviços e custos operacionais, além de qualquer eventualidade. Mesmo quando o caminhão está parado, há custos para a empresa.”

Fonte: O Popular

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