O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, suspendeu o racionamento de energia em Caracas na noite da quarta-feira, um dia depois de o plano ter sido lançado em meio a críticas generalizadas e muita confusão. “24 horas depois de ter ativado o plano de racionamento de eletricidade, detectamos efeitos indesejados em Caracas”, disse Chávez, durante uma entrevista por telefone à rede de TV estatal. “Então eu ordenei a suspensão.” A forma como o governo venezuelano anunciou o racionamento e depois voltou atrás levou a ainda mais críticas da oposição e de parte da população.

“O governo não deve funcionar assim. O governo precisa funcionar para que todas as instituições se preparem antes de um racionamento”, disse o governador do Estado de Miranda, Henrique Capriles, da oposição. “É preciso assumir o problema da (falta de) eletricidade com seriedade e responsabilidade”, disse Capriles.

A estatal venezuelana de eletricidade anunciou ontem que, por causa do deficit energético, decidiu reduzir em aproximadamente 70% o fornecimento de eletricidade à cidade brasileira de Boa Vista, capital do Estado de Roraima.

Entre os problemas enfrentados, o presidente venezuelano mencionou que os funcionários do setor elétrico estavam cortando a energia de locais onde não deveriam fazê-lo e perigosos congestionamentos de trânsito foram causados por semáforos apagados.

O presidente disse também que demitiu o ministro da Eletricidade, Angel Rodriguez, que havia sido nomeado há dois meses para o cargo recém-criado, a fim de lidar com os crescentes problemas do setor.

Os cortes de energia começaram na última quarta-feira de manhã em Caracas e deveriam durar cerca de cinco meses. O plano era suspender o fornecimento de energia durante quatro horas, a cada dois dias, com zonas diferentes sendo apagadas em horários diferentes.

O governo havia afirmado que os cortes eram necessários porque a rede de distribuição ficou sobrecarregada com a elevação da demanda e a prolongada seca que deixou os níveis de água criticamente baixos em Guri, a principal usina hidrelétrica do país, responsável pelo fornecimento de pouco mais de 73% da energia da Venezuela.

Apesar da suspensão dos apagões na capital Caracas, Hugo Chávez disse que o racionamento será mantido nas outras regiões do país.

Fonte: Agência Estado, de Caracas