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Novo capítulo da Celg

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11/01/2010
Cileide Alves

O relatório da Fipe (USP) de análise dos balanços da Celg entre os anos de 1984 e 2008, divulgado quinta-feira e realizado por solicitação da CPI da Assembleia Legislativa que investiga a situação econômico-financeira da empresa, foi importante para esmiuçar e, consequemente, revelar à sociedade tudo o que aconteceu nesses 25 anos. Entretanto, do ponto de vista político o documento não traz novidades.

O relatório confirmou o que já era de domínio público: o enorme endividamento da Celg, que segundo a Fipe é de R$ 4,1 bilhões (inferior aos R$ 5,7 bilhões divulgados pela empresa em função de uma diferença no conceito de dívida, mas mesmo assim oito vezes maior que seu patrimônio líquido), ocorreu por uma sucessão de erros ao longo desses 25 anos. A história desse período pode ser dividida em duas: até 1996, ano da venda da Usina de Cachoeira Dourada, marcado por perdas de ativos, e a partir dessa data.

A venda da Usina de Corumbá, o subsídio que a empresa concedeu à energia consumida pela Codemin, por determinação da União, a perda de ativos com a criação do Estado do Tocantins (a empresa perdeu a concessão que tinha na região, clientes, subestações, linhas de distribuição e ficou com as dívidas assumidas para construção desse patrimônio) e, por fim, a venda da Usina de Cachoeira Dourada. Essa último selou “com chave de ouro” esse período de perdas, pois o governo, maior acionista da Celg, vendeu o principal e mais rentável ativo da empresa na época, não reinvestiu praticamente nada na empresa, deixando-a sem este capital e com todo o passivo do investimento em Cachoeira, e ainda com um grande abacaxi: a obrigatoriedade de comprar o megawatt/hora da usina privatizada a preços quase três vezes superior ao valor de mercado.

A sucessão de erros desse período (há ainda outros fatores citados no relatório) levou ao enfraquecimento e à perda total de liquidez da empresa, uma realidade que exigia sua readequação para se adaptar à nova realidade econômico-financeira. Aí começa a segunda fase de erros. Além de não ter havido essa readequação que exigia uma alta soma de investimento por parte de seu principal acionista, a empresa manteve o descontrole de gastos operacionais (altos contratos, aumento de terceirizados) e aprofundou seu processo de endividamento.

A lógica de gestão da empresa nesses 25 anos foi a mesma nos dois períodos: o acionista majoritário tirou o que pôde da empresa para patrocinar projetos de governo no Estado sem se preocupar com a saúde da empresa. Assim o enfraquecimento da Celg foi se aprofundando e, agora, chegou ao limite, o que deixou o governo atual sem saída, a não ser buscar ajuda de um forte parceiro, no caso a Eletrobrás – há uma semana a negociação entre governo e União estava na fase dos acertos finais entre novo e futuro acionista, depois de mais de três anos de promessa de solução para o caso.

Esse relatório não revelou novidade do ponto de vista político, porque confirmou o que PSDB e PMDB já haviam difundido à exaustão. De fato a venda de Cachoeira Dourada representou a pá de cal sobre a saúde da empresa. Não pela privatização em si, mas pela decisão do governo de Maguito Vilela de investir o recurso da venda em obras no Estado. Se ele tivesse sido reinvestido na própria Celg, sua história poderia ser diferente. Hoje Maguito Vilela, governador na época, diz que foi “chantageado” pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, segundo nota que divulgou na semana passada, a privatizar a empresa.

Mesmo que tenha sido obrigado a vender, o que já é questionável, Fernando Henrique Cardoso não determinou como o governo de Goiás deveria gastar o dinheiro. Essa decisão coube exclusivamente ao governo do PMDB, que agora não a assume. Só que investigações, como essa da Fipe, acabam por colocar os pingos nos is e permitem que a sociedade saiba detalhadamente como os fatos ocorreram, independentemente de suas interpretações. Negar os fatos pode não ser a decisão política mais acertada para o partido, especialmente em ano eleitoral.

A parte que toca ao PSDB nesta história pode ser menor, porque a pior decisão já havia sido tomada, a forma como Cachoeira Dourada foi vendida, mas isso não exime os tucanos de suas próprias responsabilidades. Em junho de 2003, o governo comemorava o primeiro trimestre de lucro da empresa alegando que esse resultado era fruto de sua reestruturação à nova realidade e da implantação de uma gestão técnica, que, em tese, blindava a empresa contra pressões políticas, mas, a julgar pelos resultados futuros, isso não passou de mera propaganda política. A empresa não estava blindada e, como antes, continuava a financiar ações do Estado, a custo de endividamento a juros altos.
Mesmo que não tenha produzido fatos políticos relevantes, o relatório da Fipe ajuda a contar essa longa história de descaso administrativo com a Celg e, se já não pode mais corrigir erros do passado, serve não apenas para a CPI concluir seu relatório final de investigação, mas como modelo sobre o que não se deve fazer para as futuras gestões. Com a vantagem de que agora, bem informada, a sociedade terá parâmetro para cobrar eficiência e fiscalizar gestões meramente políticas.

Já a repercussão política desse relatório dependerá da competência de peemedebistas e de tucanos para, não só responsabilizar os adversários por suas falhas, mas também sobre como vão expiar suas próprias culpas.

Fonte: Jornal O Popular

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